ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
"DINHEIRO VIVO"
Juros negativos
Conheça as alternativas para
investir o seu dinheiro
Com os juros a atingirem valores negativos, as taxas pagas pelos
depósitos a prazo estão cada vez mais próximas de zero, revelando-se
pouco atrativas para quem quer pôr o dinheiro a render. Sendo um
investidor com perfil conservador, José Santos, de 54 anos, começou a
questionar-se sobre qual o melhor produto para aplicar 20 mil euros a
médio prazo, ou seja, a cerca de cinco anos.
Seguros de
capitalização, depósitos estruturados, certificados do tesouro ou mesmo
fundos são algumas das recomendações apontadas pelos especialistas
contactados pelo Dinheiro Vivo.
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"Nos momentos de depressão ou
crise económica, as obrigações e os depósitos eram um bom refúgio.
Atualmente, as obrigações deixaram de ser um ativo interessante porque
oferecem retorno negativo. Mas quem acreditar numa deflação generalizada
e contínua, deve investir em obrigações a estes preços", adiantou João
Pereira Leite, diretor de Investimentos do Banco Carregosa.
Mas
claro que depende sempre do perfil de risco do investidor. Se, por um
lado, há quem não tolere qualquer tipo de perda de capital ou variação
negativa, por outro há quem esteja até disponível para abrir mão da
liquidez e conseguir um pouco mais de retorno. E este era o caso de José
e também do cliente mistério feito pela equipa da Proteste Poupança, da
Deco.
Com este montante e horizonte temporal em mente, procuraram
junto de 20 bancos perceber o que aconselhavam. Os depósitos continuam a
ser o produto mais recomendado. A maior parte dos bancos (16) sugeriu
depósitos, em complemento, ou não, com outros produtos.
Apesar de
os depósitos estarem a oferecer juros baixos, "é importante clarificar
que a taxa de juro real, a que interessa aos investidores, não está
assim tão baixa", salientou Duarte Nunes, da direção de investimentos do
Banco Best, ao Dinheiro Vivo.
"Note-se que a taxa de juro real é
igual à taxa de juro nominal reduzida da taxa de inflação. O que
interessa ao investidor conservador é, precisamente, que o seu capital
vá conseguindo superar os efeitos negativos da inflação, ou seja, que
tenha uma taxa de juro real positiva. Nesse sentido, com taxas de
depósito a prazo entre os 0,5% e os 1%, a taxa de juro real será de 0,1%
a 0,6%, uma vez que a inflação em Portugal se encontra nos 0,4% -
valores de março 2015 do Eurostat. Ou seja, um retorno equivalente a um
depósito a prazo de 2% a 2,5%, num ambiente de inflação de 2% - a taxa
alvo de inflação do BCE", acrescentou Duarte Nunes.
O segundo
produto mais sugerido (sete bancos), foram os fundos de investimento,
mas "nem sempre de forma diversificada. Ou seja, é indicado um fundo
específico (por exemplo, um fundo de obrigações ou um fundo de
tesouraria), o que não é o mais aconselhável", referiu a Deco.
Os
seguros de capitalização (e planos mutualistas) foram recomendados por
seis bancos, enquanto quatro sugeriram produtos estruturados, como
depósitos com rendimento dependente de cabazes de ações ou índices de
bolsa.
Para quem quer maximizar os ganhos, os especialistas
recomendam outros produtos, ou mesmo construir a sua própria carteira de
investimento, seguindo o princípio 80/20. "Um investidor conservador
deverá colocar cerca de 80% em ativos de baixo risco e elevada liquidez,
como depósitos a prazo, seguros, fundos de obrigações, fundos mistos
defensivos, produtos estruturados de capital garantido, entre outros, e
20% em ativos de maior risco, como ações, ou fundos de ações. Já um
investidor agressivo deve fazer o inverso: colocar cerca de 80% em
ativos de maior risco e 20% em ativos de menor risco", recomenda o
especialista do Banco Best.
Em todo o caso, antes de começar a
poupar para o longo prazo "a estratégia deve ser colocar um montante
para um fundo de emergência em depósitos, um pouco pela segurança, que
seja o equivalente de até seis meses de salário. A partir daí, o
restante valor poderá investir numa ótica de médio/longo prazo",
adiantou António Ribeiro, Deco, ao Dinheiro Vivo.
Para que os
investidores tenham melhor perceção do risco associado ao produto, o
Banco de Portugal defende que haja uma separação. Ou seja, um balcão
para se subscrever depósitos e outro para os restantes produtos. Assim,
pode ser que da próxima vez que o José vá ao banco para investir numa
alternativa aos depósitos tenha de ser atendido num novo balcão, em
separado.
* Todo o cuidado é pouco, tome nota desta excelente informação.
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