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Um milhão de casas
arriscam aumento de IMI
O eventual agravamento do IMI nas habitações secundárias pode provocar
uma subida da carga fiscal para cerca de 1,1 milhões de casas que não
estão a ser utilizadas de forma permanente pelos proprietários
O
aumento do imposto sobre segundas residências foi sugerido pelos 12
economistas ligados ao PS que estudaram o cenário macroeconómico até
2019. A medida tem como intuito aumentar a oferta do mercado de
arrendamento, “penalizando fiscalmente a detenção de imóveis sem
utilização”.
.
Não são identificadas potenciais receitas fiscais com esta proposta,
nem o universo de habitações a que se aplicaria. Mas, segundo um
levantamento do SOL com base nos Censos 2011, existem em Portugal mais
de 1,1 milhões de casas classificadas pelos proprietários como de “uso
sazonal ou secundário” – cerca de 19% dos 5,9 milhões de alojamentos
familiares do país.
Estas residências são sobretudo casas de fim-de-semana e de férias
que, na maior parte do ano, não são utilizadas pelos proprietários.
Apenas uma pequena parte destes imóveis está no mercado de arrendamento
legalizado – algumas servirão para o que se designa de arrendamento
clandestino, que é feito sem contratos e escapa aos impostos.
Segundo os Censos 2011, a zona do país com mais habitações
secundárias é Lisboa: tem 35 mil casas que não estão a ser utilizadas
pelos donos. Estão também no topo algumas das áreas com mais visitantes
de fim-de-semana e de férias, como Loulé (29 mil), Albufeira (21 mil),
Sintra (17 mil) e Cascais (14 mil). Na Margem Sul, os veraneantes da
Costa da Caparica fazem com que Almada tenha 21 mil segundas
residências.
O presidente da Associação Lisbonense de Proprietários, Luís Menezes
Leitão, admite estar “preocupado” com a proposta dos economistas. “O
imobiliário é visto como a galinha dos ovos de ouro mas uma medida
destas provocaria o colapso do sector”, alerta.
Muitos proprietários já sofreram um agravamento do IMI nos últimos
anos. Uma nova subida colocaria um “problema sério para os proprietários
de casas em zonas de praia ou de fim-de-semana, como o Algarve, Sintra e
Cascais”, antecipa Menezes Leitão.
António Costa ainda não se comprometeu com todas as propostas do
‘grupo dos 12’ e só tomará decisões finais em Junho, quando apresentar o
programa eleitoral. Os economistas não indicaram com precisão qual
seria o imposto a aplicar ou que casas poderiam escapar à tributação.
Propõem apenas um agravamento a aplicar a “fracções a partir de um valor
a definir”, com uma taxa “num montante intermédio entre as actuais taxa
normal e taxa aplicável a prédios devolutos e em ruínas”. Ou seja, a
nova sobretaxa poderia ir até 1,5% do valor do imóvel.
Segundo a proposta, o montante do agravamento do IMI poderia ser
totalmente deduzido no IRS no caso dos prédios arrendados, de forma a
incentivar este mercado.
Contudo, o fiscalista Rogério Fernandes Ferreira considera que a
medida “não configura um incentivo à promoção do mercado de
arrendamento”, mas sim “uma penalização para os proprietários que não o
promovam”.
Em declarações ao SOL, o antigo secretário de Estado dos Assuntos
Fiscais lembra que o recente processo de reavaliação dos valores
patrimoniais das casas para efeitos de IMI e o fim de cláusula de
salvaguarda já agravaram a tributação dos bens imobiliários. “Para
quando o contribuinte em primeiro lugar?”, questiona.
* O contribuinte qualquer dia passa a pedinte.
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