ESTA SEMANA NO
"SOL"
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Coligação:
os sete obstáculos
Há sete obstáculos que PSD e CDS vão ter de ultrapassar para chegar a um
programa eleitoral conjunto. Mesmo que sociais-democratas e centristas
já tenham como certo que terão de se entender, nas próximas semanas o
desafio vai ser acertar agulhas em pontos sensíveis, que vão dos
impostos à reforma do sistema eleitoral, passando por temas
fracturantes.
Nos últimos meses e apesar dos contactos frequentes entre Marco
António Costa e Pedro Mota Soares, os dois partidos têm desenhado ideias
de costas voltadas um para o outro. Agora, terão de se entender para
apresentar propostas comuns aos eleitores.
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«Não há dúvida de que é muito mais difícil fazer um acordo
pré-eleitoral do que juntar programas depois das eleições», aponta um
dirigente do PSD.
De um lado e de outro, ninguém tem dúvidas de que os impostos são o
dossiê que mais separa os dois partidos. «O PSD tem seguido uma linha de
rigor, o CDS acha que é preciso ser mais simpático», atira uma fonte da
direcção social-democrata, que aponta a reforma da Segurança Social
como outro dos temas em que pode ser difícil chegar a acordo.
Assunção Cristas, responsável pela elaboração do programa eleitoral
do CDS, limita-se a garantir que «aquelas que são as linhas de força do
CDS são para manter», sem se alongar sobre as propostas, mas admitindo
que o «alívio fiscal» - tantas vezes pedido por Paulo Portas - continua a
ser uma bandeira dos centristas.
«A nossa perspectiva é a de que o crescimento económico tem de ser
reflectido não só na consolidação das contas públicas, mas nos
contribuintes e nomeadamente nas famílias», explica Assunção Cristas.
Para já, e apesar de esta terça-feira o PSD ter feito uma conferência
de imprensa sobre o programa eleitoral que está a preparar, as ideias
dos dois partidos são ainda uma incógnita em vários pontos.
CDS debate ideias na próxima semana
Rogério Gomes, director do Gabinete de Estudos do PSD, limitou-se a
avançar a proposta de um «contrato fiscal» com os portugueses, pondo a
tónica na descida «progressiva» do IRC. Uma ideia que fontes do PSD
acreditam ter dois efeitos práticos: amarrar o CDS a uma solução e
antecipar-se aos centristas a falar na baixa de impostos.
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No CDS, os relatórios finais dos 18 grupos de trabalho constituídos
para dar ideias sobre seis áreas temáticas vão ser entregues até
segunda-feira. A ideia, avançou ao SOL Assunção Cristas, é que «a
discussão política se faça nos órgãos do partido durante a próxima
semana».
Resta saber se estes calendários e as negociações que já se iniciaram
informalmente vão permitir que o anúncio da coligação seja feito até ao
final de Abril como tem vindo a ser apontado.
7 OBSTÁCULOS
Impostos
IRS, IVA e IRC prometem ser o ponto mais duro da negociação. Para o CDS,
a prioridade é o alívio fiscal às famílias, com o fim da sobretaxa de
IRS. No PSD, duvida-se que seja possível dar esse passo e dá-se
prioridade à baixa do IRC, com os olhos postos no estímulo à criação de
emprego. Até agora, a descida do IVA da restauração tem sido um ponto de
honra para os centristas. Mas é pouco provável que os
sociais-democratas reduzam a taxa de um imposto central para a boa
execução do Orçamento.
Reforma eleitoral
A criação de círculos uninominais é uma batalha antiga de vários
sectores do PSD, que tem sido sucessivamente adiada. Como partido
pequeno, o CDS sairia prejudicado com esta reforma, pelo que tem estado
sempre contra. A solução pode passar pela criação do voto preferencial,
sem mexer nos círculos eleitorais.
Temas fracturantes
Procriação medicamente assistida e co-adopção gay são assuntos em que
alguns sociais-democratas e centristas estão em lados opostos - sendo
que nestes temas impera a liberdade de voto. É possível que se crie uma
cláusula no acordo, na qual o PSD se comprometa a não apresentar
propostas nestas matérias.
RTP
Miguel Relvas queria privatizar a RTP, Poiares Maduro pôs a privatização
na gaveta. Neste ponto, os centristas - que querem manter a televisão
do Estado - esperam para ver qual será a proposta do PSD.
Feriados
O CDS vai bater-se pela reposição do 1.º de Dezembro. Por causa do
acordo que o Governo fez com a Igreja, o PSD acha difícil repor um
feriado civil sem recuperar um religioso.
Fusão das polícias
O PSD chegou a pensar na criação de uma polícia única, fundindo PSP e
PJ. Os centristas são contra e a ideia caiu. Resta saber se será
retomada pelos sociais-democratas.
Listas
Com sondagens a mostrar menos votos, não será fácil negociar listas
conjuntas. Outra disputa complicada a nível local será a da escolha dos
cabeça-de-lista.
* A guerra das prima-donas sobrepõe-se ao interesse dos portugueses
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