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"JORNAL DE NOTÍCIAS"
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Caso BES é o pior do mundo,
diz autor de livro sobre a banca
O caso Espírito Santo é o maior exemplo do mau funcionamento do sistema bancário, "em todo o mundo", disse Marc Roche, autor do livro "Banksters - uma viagem ao submundo dos banqueiros" lançado em Portugal.
"Eu penso que o Espírito Santo é o caso que amplifica tudo, mesmo a nível internacional. Simboliza tudo o que de mal acontece no mundo financeiro
e é o pior caso porque se trata de um grande banco num país pequeno",
disse à Lusa Marc Roche, ex-jornalista dos jornais franceses "Le Soir" e
"Le Monde" e que acaba de lançar em Portugal o livro "Banksters" que
incluiu um capítulo sobre o Banco Espírito Santo (BES).
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O investigador aponta o Espírito
Santo como uma instituição com estreitas ligações à política; uma
"dinastia" que não era controlada por conselhos de administração e que
não prestava contas a ninguém, nem sequer ao regulador.
"É o pior
caso que eu já vi e que acontece num país que está a sofrer por causa da
austeridade", sublinha Marc Roche que recorda encontros com elementos
do banco português em Londres.
"Fiquei surpreendido porque se
tratava de um banco tão grande e eu conheci-os em Londres. Davam a
impressão de serem sérios, de serem um grande grupo, bem gerido e
sofisticado. Quando os encontrei em Londres eram o exemplo de um bom
banco de investimento e depois apareceu o escândalo e, como é evidente,
fiquei surpreendido", acrescentou.
O investigador, autor de outras
publicações sobre a crise e instituições financeiras, retrata no livro
"Banksters" a atual situação dos bancos e o papel dos banqueiros
lamentando não se ter verificado qualquer consequência depois da crise
de 2008.
"Todos os bancos envolvidos em escândalos não perderam um cêntimo, foram os cidadãos que perderam,
que tiveram de salvar os bancos e como troca tiveram austeridade", diz
Marc Roche que defende o fim dos paraísos fiscais e a implementação de
políticas de regulação efetivas.
"É importante voltarmos à
regulação, talvez mesmo a uma nova regulação, caso contrário corremos o
risco de enfrentarmos uma nova crise financeira. Há demasiados perigos:
os bancos 'demasiado grandes para falhar' não têm dinheiro para se
salvarem e obrigam à intervenção dos Estado sobretudo em pequenos
países", diz.
Indiretamente, afirma, os bancos causaram
austeridade na Grécia, Portugal, Espanha e Reino Unido porque," devido a
maus procedimentos", obrigaram os Estados a terem de os ajudar e isso
criou um "enorme défice".
O sistema bancário, tal como se
encontra, "é uma bomba relógio" porque o regulador não está focado sendo
que os bancos desempenham, atualmente, um papel politico demasiado
"grande".
O autor do livro refere que há políticos que trabalham
para bancos e altos quadros da alta finança que ocupam presentemente
cargos de Estado, além de governantes que, como o primeiro-ministro
Passo Coelho, impõem cortes ao país, apesar de não darem "o exemplo
moral" no que diz respeito ao pagamento de impostos.
"É lamentável
e ainda por cima, ao mesmo tempo, em que pedem aos funcionários
públicos para aguentarem cortes de salários e cortes de pensões. Por
isso, os ricos têm de pagar impostos. É um dever moral. Os políticos têm
de pagar impostos. Não podem pedir às pessoas para aguentar sem dar o
exemplo", disse referindo-se às notícias sobre as alegadas
irregularidades fiscais de Pedro Passos Coelho.
Apesar de encarar o
novo governo de Atenas como "resistência" afirma que o "grande perigo"
para a Grécia é a União Europeia e a Alemanha porque não entendem que os
gregos têm de sair da austeridade.
"O que temos na Grécia é uma
revolta contra a austeridade, e o mesmo encontramos em Espanha,
Portugal, Irlanda e até no Reino Unido. Em todos os países a pessoas
começam a revoltar-se contra a austeridade porque não funciona, alerta o
investigador autor do livro "O Banco - como o Goldman Sachs dirige o
mundo" (2012).
* Afinal temos sido "bonzinhos" quando escrevemos sobre o "TDT", obrigado pelas dicas Marc Roche.
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