HOJE NO
"i"
Unidos contra a violência doméstica.
Adélia Ribeiro dá nome a rua em Braga
Quinze dias bastaram para a Câmara Municipal de Braga se solidarizar num passo inédito contra a violência doméstica. Município vai também criar centro de acolhimento
Adélia
Ribeiro ainda lutou durante mais de um mês mas não sobreviveu às
queimaduras em quase metade do corpo. Tinha 50 anos e no dia 18 de
Agosto viu o marido regá-la com álcool e atear o fogo. As agressões
sistemáticas estavam sinalizadas junto da PSP mas naquela segunda-feira,
quando chegou o socorro, já pouco havia a fazer. Agora, num gesto
inédito da Câmara Municipal de Braga, de onde era natural, o seu nome
vai ser lembrado numa artéria na União de Freguesias de Este (S. Pedro e
S. Mamede).
Em pouco mais de 15 dias e depois de o i ter lançado o repto a vários
autarcas, a homenagem foi aprovada ontem numa reunião do executivo
municipal.
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O presidente da câmara Ricardo Rio comprometeu-se desde a
primeira hora com a iniciativa, considerando a violência doméstica um
flagelo social a erradicar. Ontem, disse estar em causa um coroar de
várias iniciativas levadas a cabo pelo município nos últimos tempos, que
passaram por um reforço da parceria com a APAV – Associação Portuguesa
de Apoio à Vítima – para uma maior sensibilização e apoio na resposta
imediata para as vítimas. E além da homenagem pública, brevemente será
disponibilizado um centro de acolhimento para vítimas de violência
doméstica, que será instalado num edifício da Empresa Municipal
BragaHabit.
No ano passado houve outras duas tentativas de homicídio em Braga em
contexto de violência doméstica e na última década há registo de 13
casos fatais. “É uma forma de alertar a sociedade para um problema que
urge erradicar de uma vez por todas e, também, de criar um compromisso
para dar respostas mais adequadas no apoio às vítimas”, disse Rio.
Além de Braga também os municípios da Amadora, Viseu e Cascais
responderam ao desafio do i e vão homenagear as suas vítimas de
violência doméstica. Esta semana, está nas mãos dos deputados reforçar a
resposta nacional a estas mulheres. O parlamento debate na quinta-feira
projectos de lei da maioria e do Bloco para maior protecção às vítimas e
um tratamento mais ágil das queixas. Mudanças necessárias para combater
um fenómeno que só será erradicado quando for um problema de todos.
No ano passado o Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR -
União de Mulheres Alternativa e Resposta registou 43 femicídios, dos
quais 35 cometidos por companheiros actuais ou do passado.
Adélia Ribeiro foi uma das vítimas, mas este é um flagelo que não
escolhe classes sociais, idades e geografias. E que continua. Em Janeiro
registaram-se quatro casos, tantos como no ano passado. Maria Pinheiro,
de 52 anos, foi morta pelo marido em Setúbal. Judite Fernandes, de 84
anos, foi estrangulada mortalmente também pelo marido, em Mem Martins.
Isabel Figueiredo, de 60 anos, foi assinada a tiro pelo ex-marido em
Lamego. Maria Leonor Sousa, de 67 anos, morreu às mãos do marido em
Mancelos, concelho de Amarante.
A homenagem das outras câmaras
Amadora
Os serviços sociais da autarquia liderada
por Carla Tavares estão neste momento a avaliar quais as ruas que podem
vir a receber a toponímia com o nome de uma vítima de violência
doméstica de 2014. Prevenir, intervir junto dos agressores, atender e
acompanhar as vítimas de violência doméstica são são os principais eixos
do plano municipal da Amadora contra um crime que, no ano passado,
causou uma vítima no concelho, além de duas tentativas de homicídio
Viseu
A câmara de Viseu quis envolver as
associações locais neste desafio lançado pelo i. Juntas vão escolher o
nome que irá homenagear, na toponímia da cidade, todas as vítimas deste
crime. Almeida Henriques, presidente da autarquia viseense, também já
comunicou, em reunião do executivo camarário, a intenção de avançar com
esta medida. Em Viseu, aliás, começa hoje o julgamento de um crime que,
em Abril do ano passado, chocou o país. Depois de ter cortado a pulseira
electrónica, Manuel Baltazar – ou Manuel “Palito”, como ficou conhecido
– matou a tiro a mãe e a tia da ex-companheira, alvejando também a
ex-mulher e a própria filha.
Cascais
O ano de 2014 passou sem mortes por
violência doméstica, algo que também aconteceu em 2012 e 2011. A câmara
municipal solicitou ao tribunal que divulgue a identidade de uma vítima
de 2010 para conseguir responder ao desafio do i. Mas o município também
mostrou abertura para adoptar o caso de outra cidade portuguesa como
seu, passando a homenagem do particular para o geral.
* Belos exemplos destes autarcas na luta contra um flagelo social.
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