HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
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Grécia pede extensão de empréstimo
com base no 'draft' Moscovici
Atenas deverá enviar hoje para o presidente do
Eurogrupo o pedido de extensão do empréstimo, sem programa. Berlim
sinaliza que não vai aceitar.
A Grécia vai avançar com um pedido de extensão por seis
meses do empréstimo internacional, mas sem que isso implique o
prolongamento do actual programa. A informação foi avançada ontem por
fontes do governo grego à televisão pública do país, a Nerit.
.
O
pedido, que deverá hoje ser enviado para o presidente do Eurogrupo,
Jeroen Dijsselbloem, acaba por ser exactamente aquilo que Atenas tem
vindo a pedir até aqui, mas com outra formulação. E baseia-se na
proposta que o comissário europeu para a Economia, Pierre Moscovici, fez
na segunda-feira aos ministros das Finanças da zona euro e que previa
uma solução de compromisso entre Atenas e os parceiros europeus.
O
'draft' Moscovici estabelecia várias condições para o período de
transição e negociação com a Europa, como a resposta à crise social e
humana, mas também a obrigação da Grécia respeitar os seus compromissos e
não avançar com medidas de forma unilateral e sem que tivesse dinheiro
para as financiar. "O referido acima forma a base para uma extensão do
actual acordo de empréstimo, que poderia tomar a forma de programa
intermediário [por quatro meses], como período transitório para um novo
contrato de crescimento para a Grécia", sublinhava o documento de
Bruxelas.
O Eurogrupo acabou por recusar a proposta e
substituiu-a por uma outra declaração que o ministro helénico, Yanis
Varoufakis, recusou assinar. O documento dos ministros do euro referia
que "as autoridades gregas expressaram a intenção de requerer a extensão
técnica do programa por seis meses".
A questão semântica tem
assumido papel de destaque nas negociações entre Atenas e a zona euro. O
governo grego não pode vender internamente um pedido de extensão do
actual programa, já que foi eleito com a promessa de o rasgar. Por outro
lado, países como a Alemanha, Espanha, Finlândia, Portugal e as
economias de Leste recusam conceder garantias à Grécia sem que o país
fique amarrado à extensão do actual resgate.
Mas o problema vai
além da semântica. É que a extensão do actual programa amarra Atenas a
condicionalismos importantes e impede o governo de avançar de forma
unilateral com medidas como a contratação dos funcionários públicos
despedidos durante os anos da troika, uma das primeira medidas
anunciadas pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras, depois de ser eleito.
O
ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, deu a entender isso
mesmo ontem à noite, sinalizando que o pedido de extensão do empréstimo
sem o actual programa pode não ser suficiente. "Não se trata de um
extensão do programa de empréstimo, trata-se de se o programa é
cumprido, sim ou não", disse Schäuble à rádio alemã ZDF. "Não tenho
informação nova, mas não há acordo de empréstimo, é um programa de
assistência. E neste detalhe que parece pouco importante reside a chave:
a Grécia quer receber crédito sem cumprir as condições", frisou.
Em
Bruxelas, a ordem é "esperar para ver" e não há quaisquer comentários à
intenção de Atenas, sem que o pedido formal seja feito e o seu conteúdo
conhecido. A mesma postura adopta o gabinete do presidente do
Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que só depois de receber formalmente o
pedido de Atenas vai decidir se este é ou não suficiente para convocar
uma reunião extraordinária dos ministros das Finanças da zona euro para
sexta-feira.
* Palavras de PHILIPPE LEGRAIN ex-conselheiro de economia de Durão Barroso:
"Schäuble
está a mentir: os empréstimos a uma Grécia insolvente foram,
principalmente, um resgate dos seus credores, nomeadamente aos bancos
alemães. E, as condições associadas aos empréstimos, de austeridade
extremamente brutal, foram tudo menos generosas. As autoridades da zona
do euro e as elites nacionais têm causado uma depressão na Grécia, sem
resolver os problemas, nomeadamente o fardo insuportável da dívida e um
sistema político corrupto e disfuncional."
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