02/01/2015

DOMINGOS DE ANDRADE

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Ressacas do novo ano 

Esta é a altura do ano em que formulamos muitos desejos e esperamos que toda a sorte do Mundo nos caia no regaço. Comemos uvas passas (um sacrifício para quem não gosta), vestimos roupa interior azul ou amarela, consoante a deposição da nossa fé nas cores, levantamos o pé esquerdo à meia-noite (para os destros), brindamos com os amigos e agarramos dinheiro. E depois passou. Foi isso. Acordamos hoje ressacados para um novo ano com velhos vícios. 
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É por isso, pelas questões que se arrastam nos dias imunes ao calendário, que devemos entrar em 2015 de olhos abertos. A começar por tudo o que importa e que vai mexer no nosso bolso. A vida não vai ficar mais fácil, por muito que a aparência dos gastos excessivos da quadra nos pareça mostrar um país melhor: vamos pagar mais pelos combustíveis, mesmo com o custo do petróleo em baixa histórica; o IMI vai aumentar; a água depende de onde se vive; o álcool e o tabaco sobem; e, entre taxas e taxinhas, citando o nosso ministro da Economia, alguma coisa há de restar no fim de mês, se as contas forem bem feitas.
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Há, claro, a ilusão de que ficaremos a lucrar em 2015 com o que não aumenta, como o pão, o gás e as portagens, ou o que ganhamos com a reposição do pagamento integral das horas extra e dos feriados (mas até nisto temos azar: há mais feriados a coincidir com fins de semana), ou com a reforma do IRS, que, no entanto, só tem impacto nos nossos bolsos em 2016, mas não desaparecendo a sobretaxa de 3,5% no IRS, nem em 2015 nem, a ver, nunca. Confuso?
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Mais importante ainda. Este é o ano da privatização da TAP, da STCP, do Metro, da Carris; este é o ano do fim da Portugal Telecom; este é o ano da verdade da Justiça e tem na detenção de José Sócrates o princípio e o fim do modo como olhamos para o nosso sistema judicial. Este é, sobretudo, o ano da maturidade orçamental de um país saído de um resgate, e um ano político marcado por duas eleições certas (as legislativas e toda a campanha das presidenciais) e uma quase certa (a antecipação das regionais na Madeira).
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Por tudo isso, em 2015 leia muito. Para fugir à conversa fácil e enganadora do café.
Bom Ano!

Director Executivo

IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
01//01/15


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