Ressacas do novo ano
Esta é a altura do ano em que formulamos muitos desejos e esperamos que
toda a sorte do Mundo nos caia no regaço. Comemos uvas passas (um
sacrifício para quem não gosta), vestimos roupa interior azul ou
amarela, consoante a deposição da nossa fé nas cores, levantamos o pé
esquerdo à meia-noite (para os destros), brindamos com os amigos e
agarramos dinheiro. E depois passou. Foi isso. Acordamos hoje ressacados
para um novo ano com velhos vícios.
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É por isso, pelas questões que se arrastam nos dias imunes ao
calendário, que devemos entrar em 2015 de olhos abertos. A começar por
tudo o que importa e que vai mexer no nosso bolso. A vida não vai ficar
mais fácil, por muito que a aparência dos gastos excessivos da quadra
nos pareça mostrar um país melhor: vamos pagar mais pelos combustíveis,
mesmo com o custo do petróleo em baixa histórica; o IMI vai aumentar; a
água depende de onde se vive; o álcool e o tabaco sobem; e, entre taxas e
taxinhas, citando o nosso ministro da Economia, alguma coisa há de
restar no fim de mês, se as contas forem bem feitas.
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Há, claro, a
ilusão de que ficaremos a lucrar em 2015 com o que não aumenta, como o
pão, o gás e as portagens, ou o que ganhamos com a reposição do
pagamento integral das horas extra e dos feriados (mas até nisto temos
azar: há mais feriados a coincidir com fins de semana), ou com a reforma
do IRS, que, no entanto, só tem impacto nos nossos bolsos em 2016, mas
não desaparecendo a sobretaxa de 3,5% no IRS, nem em 2015 nem, a ver,
nunca. Confuso?
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Mais importante ainda. Este é o ano da
privatização da TAP, da STCP, do Metro, da Carris; este é o ano do fim
da Portugal Telecom; este é o ano da verdade da Justiça e tem na
detenção de José Sócrates o princípio e o fim do modo como olhamos para o
nosso sistema judicial. Este é, sobretudo, o ano da maturidade
orçamental de um país saído de um resgate, e um ano político marcado por
duas eleições certas (as legislativas e toda a campanha das
presidenciais) e uma quase certa (a antecipação das regionais na
Madeira).
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Por tudo isso, em 2015 leia muito. Para fugir à conversa fácil e enganadora do café.
Bom Ano!
Director Executivo
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
01//01/15
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