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Empresas portugueses exportadoras
para Angola podem ter problemas
As empresas portuguesas beneficiam dos preços baixos do petróleo, mas
as que têm forte presença em Angola podem ver a vida dificultada por
causa das dificuldades orçamentais que o país atravessa, consideram os
economistas ouvidos pela Lusa.
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Angola é o país lusófono mais afectado pela descida do preço
do petróleo, que desceu cerca de 50% desde meados do verão, e está agora
a ser vendido a um preço muito abaixo do valor que o Governo definiu
como referência para o Orçamento do Estado para este ano - 81 dólares.
"Há um conjunto de países para os quais as exportações portuguesas
têm crescido muito nos últimos anos (…) em que o petróleo é a principal
fonte de rendimentos e divisas externas” e uma descida acentuada dos
preços terá certamente impacto nas importações destes países, salientou o
economista Manuel Caldeira Cabral, considerando o caso de Angola como
"preocupante".
Angola, porém, não é o único, dado que o Brasil é outro destes casos,
já que “aos preços actuais deixou de ter petróleo viável de ser
explorado”, a par da Venezuela, indicou este professor na Universidade
do Minho.
Entre as consequências da quebra das receitas fiscais por parte
destes países estão a possibilidade de haver atrasos ou suspensões nos
pagamentos, quebra de importações por redução do consumo interno e
substituição de portugueses por fornecedores de outras origens, com a
China a surgir bem posicionada no terreno, indicou Manuel Caldeira
Cabral.
Para o economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros, Filipe
Garcia, "a economia angolana corre o risco de ver diminuir o fluxo
financeiro de entrada de dólares proveniente das receitas do petróleo”,
afirmou, estimando que o impacto da descida do crude se possa fazer
sentir em “todas as entidades com exposição relevante” a Angola.
Filipe Garcia alertou nomeadamente para os riscos de poderem surgir alterações no sistema financeiro.
“Quanto mais tempo se prolongarem os preços baixos do petróleo pior
será o efeito”, considerou, sugerindo que Angola pode vir a ter
problemas de liquidez e tomar medidas que dificultem a saída de
capitais.
Já Rui Bárbara, do Banco Carregosa, tem uma visão menos pessimista,
destacando que a descida de preços do petróleo é genericamente benéfica
para os importadores, entre os quais os países europeus, embora crie um
“cenário mais volátil” para quem está a exportar para Angola, Moçambique
ou Brasil.
“No geral acaba por ser positivo para a economia portuguesa que
continua a contar com países europeus, como Espanha, entre os principais
parceiros comerciais”, sublinhou o analista.
Rui Bárbara reconhece que algumas empresas e sectores mais expostos a
países exportadores de petróleo possam ser afectados negativamente e
perder receitas, mas ressalvou que “cada caso é um caso”.
* Quem exporta para uma ditadura assassina em que o petróleo assume a maior importância na implantação da mesma, tem de entender os riscos! Não temos pena.
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