HOJE NO
"OBSERVADOR"
Adoção plena por homossexuais
volta ao Parlamento
Bloco de Esquerda leva projeto sobre adoção plena por casais do mesmo sexo ao Parlamento no dia 21. Depois da coadoção, PS não avança, para já, com nenhuma proposta. "Só quando for para ganhar".
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Depois de chumbada a proposta socialista sobre a coadoção, o Bloco de
Esquerda avança agora com a adoção por casais do mesmo sexo. O tema
esteve em cima da mesa na conferência de líderes desta quarta-feira e os
bloquistas conseguiram o agendamento: o projeto de lei sobre adoção de
crianças por casais do mesmo sexo chega assim ao Parlamento no dia 21 de janeiro, para debate na generalidade.
O
projeto de lei prevê assim eliminar “os impedimentos legais de adoção e
apadrinhamento civil por pessoas casadas, ou em união de facto, com
pessoas do mesmo sexo”, ou seja, permite a adoção plena de crianças por
casais do mesmo sexo. Para o líder parlamentar bloquista trata-se de uma
urgência para “acabar com a discriminação e deixar os valores humanos
falarem mais alto do que o preconceito”.
O Bloco de Esquerda retoma frequentemente o tema dos direitos
homossexuais, esbarrando sempre com a parede da maioria PSD/CDS.
“Voltamos ao tema nesta reta final da legislatura com a esperança de que
a consciência e o direito das crianças de serem felizes falem mais alto
do que o preconceito”, disse Pedro Filipe Soares aos jornalistas à
saída da reunião com os restantes líderes parlamentares, acrescentando
que, se nada for aprovado no âmbito da valorização da igualdade de
género e dos direitos homossexuais, depois de tantas batalhas sobre o
tema, “será uma legislatura perdida”.
Esta iniciativa legislativa do BE já tinha dado entrada no Parlamento
em setembro, retomando uma proposta semelhante feita em 2013, mas nunca
tinha chegado a plenário do Parlamento. Será assim a primeira vez que o projeto de lei sobre a adoção plena por casais homossexuais é discutido na Assembleia da República,
não se prevendo no entanto que seja bem recebido nas bancadas da
maioria depois da polémica instalada com a coadoção, que acabou por ser
chumbada na especialidade.
Admitindo que “os partidos têm tido uma
posição estanque” sobre a temática da adoção e coadoção homossexual,
Pedro Filipe Soares mantém-se confiante de que o projeto de lei possa
ser bem recebido pelos deputados. Os argumentos dos bloquistas para a
defesa da proposta vão ser os exemplos internacionais, como Espanha e
França que aprovaram simultaneamente a adoção e o casamento homossexual,
assim como os estudos que “demonstram que estas crianças são felizes”.
Na votação deste tipo de projetos de lei há liberdade de voto, pelo que
os deputados não têm de se reger pela disciplina partidária.
PS já não avança nesta legislatura
O Partido Socialista, que apresentou a proposta chumbada da coadoção,
não deverá avançar com nenhum projeto sobre o tema nesta reta final da
sessão legislativa. Ao Observador, a deputada Isabel Moreira felicitou a
iniciativa e a “persistência” do Bloco de Esquerda, mas admitiu que
agora o PS só avançará com essa temática “quando for para ganhar”. Ou
seja, no próximo ciclo legislativo onde o PS espera ser Governo.
A
deputada socialista, que vai votar ao lado dos bloquistas no dia 21 de
janeiro, acrescentou que a matéria da igualdade de género e dos direitos
homossexuais está prevista na agenda para a década de António Costa e
irá “certamente” voltar ao Parlamento na próxima legislatura.
A
possibilidade de casais do mesmo sexo casados ou unidos de facto
coadotarem crianças (quando um dos cônjuges já é pai ou mãe biológico)
foi apresentada por deputados socialistas e chegou a ser aprovada na
generalidade em maio de 2013, mas prolongou-se até ao final da anterior
sessão legislativa, acabando por ser chumbada em março, por cinco votos.
Pelo meio, entre a aprovação na generalidade e o chumbo na
especialidade houve a proposta do PSD de realizar um referendo, que
acabou por ser considerada inconstitucional pelo Tribunal
Constitucional.
* Uma desumanidade, a coadopção devia ser permitida a toda a gente que efectivamente quisesse dar amor a crianças. É nos casais heterosexuais que a violência sobre crianças é predominante. Uma boa iniciativa do BE
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