HOJE NO
"OBSERVADOR"
Sondagens:
Costa e Seguro, duas faces
da mesma moeda?
Janeiro de 2014: António José Seguro era líder do PS e os socialistas
dominavam as sondagens com vantagens entre 8 e 13 pontos sobre o PSD.
Janeiro de 2015: António Costa é líder do PS e domina as sondagens com
vantagem para o PSD entre 6 e 11 pontos. A diferença é que Seguro à data
era líder do partido há 26 meses, enquanto Costa o é há dois meses,
mas, mesmo assim, os socialistas começam a olhar para a curva dos
números com preocupação. Costa já recuperou nas intenções de voto depois
da crise da liderança, mas o PSD também está mais perto.
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Olhando
para a evolução dos últimos meses, das sondagens da Eurosondagem e da
Aximage, o PS está agora ao mesmo nível que estava antes das eleições
europeias. Ou seja, com António José Seguro na liderança e ainda sem
António Costa se ter disponibilizado para ser secretário-geral
socialista.
Pedro Magalhães, do Instituto de Ciências Sociais (ICS), diz que
“a leitura que tem de se fazer dos resultados do PS é com a crise da
liderança. O PS sofreu bastante nas intenções de voto, imediatamente a
seguir à escolha de António Costa, volta a subir”.
Mas quando a
questão que se coloca é se não era suposto António Costa descolar mais
rápido do PSD depois da mudança de liderança, o especialista em
sondagens lembra, por exemplo, o caso das sondagens durante os governos
de José Sócrates: “O PSD mudou várias vezes de líder. A mudança de líder
levou a uma recuperação nas intenções de voto, mas depende muito a
intensidade dessa recuperação.” O que pode estar a acontecer agora, a
intensidade ser menor.
Mas na leitura dos números - pelo menos nos últimos
– não é só o facto de o PS não subir tanto quanto os socialistas
esperavam, há também o facto de o PSD subir, mesmo que ligeiramente, o
que reduz assim a diferença e mostra um menor desgaste do atual Governo
do que era esperado. Pedro Magalhães dá o exemplo do que aconteceu antes
das eleições legislativas de 2011 em que a explicação para a subida
abrupta do PSD se podia dever não só ao líder social-democrata como ao
Governo de José Sócrates: “O PSD só arrancou nas intenções de voto com
Pedro Passos Coelho. Só não se pode dizer se isso se deve a Passos
Coelho se ao desgaste do PS”.
Nas intenções de voto, o especialista nota ainda três coisas:
1.
PSD e CDS ganham mais, tendo em conta o sistema eleitoral, se forem
coligados: “Do ponto de vista aritmético é sempre mais vantajoso irem
coligados”, mas avisa os partidos que não podem olhar para estes números
das sondagens e “somá-los” porque as perguntas feitas aos inquiridos
não pressupunha a possibilidade de uma coligação e isso altera as
percentagens.
2. CDS não mexe desde a crise do verão de 2013, rondando os 7%
3. Com
a chegada de António Costa à liderança do PS, CDU (coligação PCP e
Verdes) e o BE descem nas intenções de voto. Costa estar a roubar votos à
esquerda “é uma leitura possível”, mas Magalhães avança com outra
explicação. No caso do PCP, que tem um eleitorado com uma identificação
mais forte, este pode estar a descer por haver mais pessoas que agora
digam que vão votar no PS e que antes respondiam que não votavam.
Percentualmente, a passagem de “não votante” à escolha em votar num
partido específico prejudica os comunistas.
A última sondagem
deste mês de janeiro, na verdade, fez soar as campainhas no Rato. A
sondagem da Eurosondagem publicada pelo Expresso e SIC,
que dá uma aproximação da maioria ao PS de Costa, foi motivo de
conversa entre vários socialistas. A estratégia de António Costa de
pouco falar sobre assuntos de atualidade começou a preocupar os
socialistas e alguns deputados chegaram a falar do assunto numa reunião
do grupo parlamentar. Mas no entanto, esta semana, o secretário-geral do
PS optou por uma agenda pública mais intensa e pronunciou-se sobre
vários assuntos. Primeiro, na conferência “Melhor Estado, Mais
Democracia”, no Porto começou por defender a regionalização, depois, falou do nome de António Vitorino para as eleições presidenciais de 2016, já em Lisboa, assunto que retomou na entrevista que deu à SIC.
Nestes dias, falou ainda da falta de visão estratégia do Governo por causa da TAP, da decisão do BCE e por fim deixou quatro propostas para o setor da saúde por causa do caos nos hospitais.
* A grande diferença entre Costa e Seguro é que este não estava dependente de lobies, mas a nomenclatura socialista não os dispensa.
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