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IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
12/12/14
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O poder
nas mãos da tecnologia
Dos rendimentos às compras efetuadas, das
passagens em Via Verde aos levantamentos bancários, todos os passos que
damos deixam, hoje, um rasto fácil de seguir. Já para não falar de
localizações exatas fornecidas por determinadas aplicações, da
informação que fornecemos através de gestos simples, como uma pesquisa
na Internet, ou da exposição a que nos submetemos ao decidirmos estar
presentes numa rede social.
Num mundo em que a facilidade de
acesso a informação reservada e sigilosa aumenta, não surpreende a
tentação de espreitar pela fechadura, como terão feito funcionários do
Fisco com a vida de dirigentes políticos à distância de um clique. E é
exatamente porque a tecnologia permite uma manipulação de dados nunca
antes vista que aumenta a exigência de regras claras e de pronta
fiscalização a situações abusivas.
Mais do que os riscos de
violação da privacidade e o direito à proteção de dados pessoais,
amplamente debatidos, o poder da tecnologia levanta questões que exigem
uma séria reflexão - na qual os jornalistas devem ter um papel
particularmente ativo. Emily Bell, diretora do Centro de Jornalismo
Digital de Columbia, sintetizou de forma brilhante os problemas
levantados pelo poder da tecnologia numa recente intervenção no
Instituto Reuters.
Lembrando que os algoritmos das plataformas e
redes sociais e a forma como são previamente selecionados os conteúdos
que chegam a cada utilizador tornam gigantes como o Facebook ou a Google
"novos editores" de informação, Emily Bell sustenta que os jornalistas
devem escrutinar estes poderes com a mesma acutilância com que no
passado vigiaram o espaço público. Tecnologia é, de facto, muito mais
que o lançamento de um novo iPhone ou de uma nova aplicação. Tecnologia é
poder. Estar preparado para o descodificar e vigiar é um desafio
central nos novos tempos.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
12/12/14
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