HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Privados criticam ajuda de Estado de
455 milhões aos hospitais públicos
APHP está contra aumentos de capital em
18 hospitais públicos. Argumentam que servem para sustentar "interesses
instalados e inamovível" que são "sorvedouros de dinheiro público".
A Associação Portuguesa de
Hospitalização Privada (APHP) manifesta-se "absolutamente contra" a
recém-anunciada ajuda de Estado, no valor de 455 milhões de euros, a
diversos hospitais públicos.
Em causa está a recente autorização do
Governo para realização de aumentos de capital em 18 hospitais públicos,
com o objectivo de impedir a acumulação de dívidas em atraso e levar os
fundos próprios destes hospitais para valores positivos.
Em comunicado, a APHP considera que "este tipo de prenda natalícia
anual poderá responder às inquietações imediatas de tesouraria, mas, na
prática, só contribui para sustentar interesses instalados e
inamovíveis, que funcionam como verdadeiros sorvedouros de dinheiro
público".
Para o presidente da APHP, Artur Osório Araújo, "estes subsídios são
crónicos e significam que, na saúde, não só não estão a ser feitas
reformas estruturais, como se procura branquear a insustentabilidade.
Representam uma absoluta distorção da concorrência no sector da
prestação de cuidados de saúde, que tem inclusive sido severamente
condenada pelo Tribunal Europeu de Justiça, ao apreciar recentemente
auxílios similares ocorridos na Bélgica".
Para a APHP aquela verba para regularização de dívidas em atraso
(vencidas ou contraídas até 30 de Setembro de 2014) é canalizada "ao
arrepio do direito comunitário". Sustenta aqui que os auxílios estatais
estão sujeitos a um princípio de proibição previsto no Tratado da União
Europeia, na medida em que ao favorecer-se algumas empresas causam-se
prejuízos aos concorrentes do mesmo país ou de outros Estados-Membros.
"Se estão proibidas, no contexto Europeu, as subvenções do Estado com
vista à manutenção em actividade de uma empresa deficitária, sem
perspectivas de viabilidade natural, não se deveriam manter,
artificialmente, por tempo indeterminado, hospitais-empresa estatais",
afirma Artur Osório Araújo, presidente da APHP, para o qual "Portugal
precisa gastar recursos com a saúde dos portugueses, mas tem de gastar
melhor".
Uma estratégia de longo prazo
Segundo a APHP, no contexto de crise económica e austeridade, os
hospitais privados portugueses estão disponíveis para participar no
equilíbrio da despesa pública através do fornecimento de serviços à
Segurança Social ou ao Serviço Nacional de Saúde, aumentando as
oportunidades de acesso; permitindo uma melhor protecção na saúde; bem
como ao Estado poupar no investimento de capital, estabelecer um imposto
sobre rendimentos e desempenhar um papel de moderador de custos.
Para Artur Osório Araújo, "é fundamental a adopção de um sistema
centrado na liberdade de escolha, através de uma alternativa criada pela
pluralidade de prestadores. É fundamental um modelo de prestação de
cuidados de saúde que responda às obrigações de um serviço de interesse
económico geral (SIEG) sustentável".
Um modelo, diz, que deve ser gerido de "forma justa e capaz de
garantir determinados objectivos", entre os quais a equidade nas
condições de acesso dos cidadãos e na certificação dos prestadores, bem
como o financiamento determinado por critérios de remuneração correctos,
transparentes e homogéneos, tanto nos hospitais públicos, como nos
privados. Entre outros objectivos destaca ainda a informação
transparente aos cidadãos respeitante ao fornecimento dos serviços;
padrões de qualidade estandardizados para todos os prestadores,
monitorizados e avaliados por entidades independentes; tal como a
pluralidade dos prestadores, públicos ou privados, oferecendo aos
cidadãos alternativas concretas.
* Verdadeiros sorvedouros de dinheiros públicos são os hospitais privados que só existem porque o Estado remete para os "hospitéis" milhares de cidadãos/ano que poderiam ser melhor atendidos no público, se a factura paga aos negociantes da saúde revertesse para o sector do Estado.
Nós não hesitamos, recorremos sempre aos hospitais públicos, que têm de longe mais qualidade, com profisionais de excelência, experiência própria, que podemos comprovar em qualquer altura.
**No gráfico do INE aprecie-se a verba que o Estado "arrota" para o sector privado hospitalar, quando este recebe uma percentagem ridícula de doentes em comparação com o serviço público, são doentes pagos a peso de ouro.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário