Outono no Corvo
Ao contrário daquilo a que estava habituada da minha infância
passada nos Estados Unidos, as cores das folhas a mudar, a queda das
mesmas, o tempo fresco mas calmo, o Outono no Corvo começa em alta com a
visita de muitos observadores de aves de todos os recantos de Europa.
Começou à 10 anos com um só Inglês e hoje são perto de 50 indivíduos que
visitam a ilha mais pequena por esta altura do ano. Ficando entre duas a
três semanas estes “bird watchers” deliram com as aves americanas que
lá vão surgindo pelo Corvo. Ora empurradas pelos temporais que encontram
a meio do Atlântico, ora encontrando boleia nos navios que fazem a
travessia entre a Europa e as Américas, ora aproveitando o “jet stream”
durante grandes migrações, o certo é que já surgiram uma série de aves
insólitas aos longos dos anos, registadas e identificadas, algumas nunca
vistas no resto da Europa, outras, já vistas mas não com tanta
assiduidade.
Alguns destes pássaros são tão pequenos que por vezes são
difíceis de encontrar e fotografar, sendo assim necessário dispensar
longas horas de espera, paciência e nalguns casos desesperos, outros,
por sua vez, quase que ficam ali a marcar pose para a foto perfeita. Ave
das mais variadas espécies, que muitas vezes são distinguidas por um
simples risco no corpo ou cor nas penas, nos olhos, no pescoço, um
pequeno detalhe é o suficiente para diferenciar se é da Europa ou se
pertence aos Estados Unidos ou outro país longínquo.
O Corvo tem a
singularidade de ser pequeno o suficiente para tornar a observação mais
fácil do que nas outras ilhas mas por vezes pode não ser tão pequeno
quanto isso quando o pássaro tem uns meros centímetros de altura,
originando em grandes corridas ate o lugar da localização para que não
se perca de vista a pequena criatura.
Cada observador tem a sua lista
das espécies que já viu ao longo da vida e alguns já vão em mais de 700
espécies vistas ao longo das suas viagens por esse mundo fora. Na minha
tão pobre lista acho que posso confirmar 10 espécies, com alguma sorte,
11 mas só agora principiei neste entretenimento e não sei distinguir
absolutamente nada, mesmo que já tenha visto 50 continue na mesma, 10
espécies que eu saiba. Não é fácil, digo vos, isto requer imensa pratica
e muito conhecimento sobre aves, seus hábitos de vida e comportamento.
Resultado e para que eles se mantenham informados ao longo do resto do
ano do que se vai passando no Corvo , destacaram me por estes lados de
registar e publicar nas redes sociais, emails e ate SMS tudo o que me
voar à frente da lente, ficando encarregues de identificar o que eu
publicar, porque de facto para mim é tudo “um pássaro” .
Com muita
paciência e dedicação os observadores, vão aconselhando me no mundo da
fotografia para eu captar o máximo dos detalhes, a luz, o angulo, a
lente, a posição da máquina, isto para quem só tirava por gosto torna se
um tanto quanto stressante porque quero ir dando noticias mas ao mesmo
tempo não faço a mínima ideia se a luz está boa, se o pássaro está bem
posicionado ou se de facto apanhei um galho da árvore que não devia de
lá estar. É uma constante aprendizagem! Numa ilha rodeada de natureza
pura e crua ate que não custa muito e faz bem à alma sair por aí mesmo
que não encontro nada alem que a vulgar gaivota, que bem estudada numa
foto até que é bem bonita e em voo é só elegância. Abre se um mundo
totalmente diferente daquele a que já nos habituamos, de ver tudo num
documentário na televisão.
Sim, os documentários são excelentes para nos
dar a conhecer a natureza em nosso redor mas reconhecer algo que se viu
num desses programas e parar para estudar o sujeito, é fantástico!
Aprende se a ver tudo com “olhos de ver “, parar e apreciar mais a
natureza e a coabitar com tudo em harmonia E vamos lá ver uma coisa, não
podíamos estar em sítio melhor que os Açores para tal! Ilhas ricas a
todos os níveis, desde o pequeno miosites à majestosa baleia! Tudo,
temos isso tudo à porta. Vamos lá aproveitar o que muitos viajam
milhares de quilómetros para desfrutar.
IN "AÇORIANO ORIENTAL"
10/11/14
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