HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
A casa penhorada que sensibilizou
. milhares de portugueses
Casa de Ana Dias foi salva por um grupo
de técnicos oficiais de contas.
Leitores do Económico, que já haviam
reunido os 1.900 euros, não aceitaram a devolução do dinheiro.
A casa de Ana Dias (nome fictício), que tinha chegado a
leilão na quarta-feira por uma dívida de 1.900 euros às Finanças, foi
salva. A notícia foi avançada pelo Diário Económico nesse dia e
sensibilizou milhares de portugueses.
À redacção do Económico foram
chegando telefonemas e emails de muitos portugueses dispostos a ajudar
a família de Ana Dias a preservar a sua única habitação, não só de
Portugal mas também França, Suiça, Canadá e EUA. Até sexta-feira, um
grupo de leitores do Económico reuniu os 1.900 euros necessários para
pagar a dívida, que acabou no entanto por ser paga por um grupo de
técnicos oficiais de contas.
Um movimento de ajuda que surgiu no
Facebook
,
e cujos membros pagaram a dívida directamente nas Finanças. O dinheiro
angariado através da ajuda dos leitores do Económico reverteu ainda
assim para a família de Ana Dias, já que a maioria das pessoas não
aceitou a devolução do dinheiro.
A penhora de casas tem sido uma das estratégias mais utilizadas pela
Autoridade Tributária para arrecadar receita fiscal. Confrontados com a
marcação de venda dos imóveis, 95% dos contribuintes acaba por saldar
a dívida.
Das 60.499 marcações de venda de imóveis realizadas só este
ano, 3.011 acabaram mesmo por ser concluídas. Isto apesar da Lei Geral
Tributária definir que a tributação directa tem em conta "a necessidade
da pessoa singular e o agregado familiar a que pertença disporem de
rendimentos e bens necessários a uma existência digna" e de o direito à
habitação estar consagrado na Constituição da República Portuguesa.
Recorde-se que, em 2012, o ministério da Segurança Social, através de
uma norma interna, suspendeu a venda dos imóveis penhorados que
fossem habitados pelos seus proprietários, de modo a evitar o despejo
dos devedores. O ministério justificava então a medida com a
necessidade de, "num contexto económico difícil e num mercado
imobiliário fragilizado", salvaguardar "a dignidade da pessoa e o seu
direito à habitação". Dentro do mesmo Governo, o ministério das
Finanças não tem no entanto o mesmo entendimento.
Os partidos da oposição já fizeram entretanto saber que pretendem
discutir o caso em sede de discussão especializada do Orçamento do
Estado para 2015.
* Os portugueses na generalidade não são bonzinhos, mas há portugueses excepcionais, os leitores solidários do Económico e o grupo dos técnicos oficiais de contas são pessoas de se lhe tirar o chapéu. Que bom.
Quanto ao chefe da repartição de Finanças que mandou executar a penhora não passa de um coitado.
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