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"AÇORIANO ORIENTAL"
"AÇORIANO ORIENTAL"
ONU diz que mundo tem 2.2 mil milhões de pobres ou no limiar da pobreza
Cerca de 2.2 mil milhões de pessoas são pobres ou estão no
limiar da pobreza, segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano da
Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado hoje.
O relatório anual do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), divulgado em Tóquio, pede políticas mais fortes
de proteção social, um regresso ao objetivo do pleno emprego e
universalidade de serviços públicos básicos.
Com o título "Sustentar o Progresso Humano: reduzir as
vulnerabilidades e aumentar a resiliência", o estudo defende que a
vulnerabilidade persistente ameaça o desenvolvimento e que esse problema
precisa de ser resolvido para que o crescimento seja equitativo e
sustentável.
"Há situações que exigem tratamentos desiguais para criar
oportunidades iguais", explicou o diretor do gabinete que produz o
relatório, Khalid Malik, à agência Lusa.
Num momento em que o desenvolvimento humano desacelera em todas as
regiões do mundo, o especialista acredita que "pode ser necessário
fornecer melhores recursos e serviços aos pobres, excluídos e
marginalizados para melhorar as capacidades e escolhas de vida de
todos."
O relatório indica que a maioria da população mundial não beneficia
de proteções como pensões ou subsídios de desemprego e que estas
garantias estão ao alcance de países em qualquer fase de
desenvolvimento.
"Garantir benefícios de segurança social básicos aos pobres custaria menos do que 2% do PIB mundial", garante.
A organização contraria a ideia de que apenas os países ricos podem
disponibilizar serviços universais, apresentando uma análise comparativa
dos rendimentos individuais e os serviços prestados.
Ao lado dos suspeitos habituais, como a Dinamarca, a Noruega ou a
Suécia, países como a Coreia do Sul ou a Costa Rica surgem na lista dos
países que oferecem estes serviços.
Países que "começaram a implementar medidas de proteção social quando
o seu PIB per capita era inferior ao da Índia ou do Paquistão",
sublinha ainda o relatório.
Dos 7.2 mil milhões de pessoas que compõem a população mundial, 1.2
mil milhões vivem com menos de 1.25 dólares por dia (92 cêntimos de
euro) e 1.5 mil milhões sofrem de carências de nível de vida, educação e
saúde. Outras 800 mil pessoas estão no limiar de se juntarem a este
grupo.
O relatório defende que existem três momentos fundamentais para
contrariar esta tendência: os primeiros mil dias da vida de uma criança,
a transição da escola para o mundo do trabalho e a passagem à reforma.
"As capacidades de uma pessoa são afetadas por investimentos feitos
nas fases iniciais da sua vida e podem ter consequências a longo prazo",
defende o documento, dando como exemplo o Equador, onde as crianças já
têm uma grande desvantagem linguística aos seis anos.
"Se enfrentarmos estas vulnerabilidades, todas as pessoas poderão
beneficiar do desenvolvimento, que se poderá tornar mais equitativo e
sustentável", acredita a administradora do PNUD, Helen Clark.
O relatório é apresentado numa fase crucial das negociações para a
agenda pós-2015 e pede que "um consenso internacional em torno da
segurança social universal" seja incluído no compromisso.
O coordenador do relatório explicou à agência Lusa a importância
deste ponto, dizendo que "eliminar a pobreza extrema não significa
apenas chegar a zero, mas ficar lá" citando vulnerabilidades
estruturais, como o facto de 80% dos idosos de todo o mundo terem
proteção social deficiente.
O PNUD defende ainda um regresso às políticas de pleno emprego, dos
anos 50 e 60, defendendo que os benefícios sociais de coesão e
estabilidade ultrapassam os benefícios individuais.
* 2,2 milhões de pobres por causa dos "ricardos salgados" deste mundo.
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