HOJE NO
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Desemprego, depressão e
solidão entraram nos consultórios
dos médicos de família
Famílias separadas, incerteza sobre o futuro ou assédio moral no trabalho tornaram-se queixas frequentes nos centros de saúde
.
Palpitações
que não são fraqueza do coração. Dores de estômago sem nenhum problema
gástrico de base. Acordar a meio da noite e não voltar a adormecer.
Precisar de fisioterapia e não saber como a vai pagar porque o marido
não recebe há três meses. A mãe só sossega a dormir ao lado dos filhos,
para se sentir acompanhada depois de o marido ter emigrado.
O utente
humilhado no trabalho entra no consultório em desespero: “Tenho de ficar
em casa se não um dia mato alguém.” A vida dos médicos de família
mudou. Sentem-se a cumprir a sua missão: cuidar da saúde, segundo a
definição da Organização Mundial de Saúde, é zelar pelo bem-estar
físico, psicológico e social. Mas a tarefa está mais exigente. Há cada
vez mais queixas que dificilmente se resolvem só com comprimidos.
“Se me dizem que estão desempregados, está meio diagnóstico feito”,
resume José Baptista Pereira, médico de família da Unidade de Saúde
Familiar (USF) de Baltar, concelho de Paredes. Perguntar pelo trabalho
tornou-se sagrado nas suas consultas. A pergunta funciona como se fosse
um atalho: “As pessoas não fazem logo a ligação entre o que estão a
sentir e a parte psíquica.” Falam simplesmente de dores no peito,
dificuldades em respirar. “Acabamos por pedir exames para eliminar
hipóteses até porque, em utentes de meia-idade, não é óbvio descartá-las
e existe sempre preocupação”, explica.
* Enquanto o governo se preocupa no terrorismo verbal contra o TC.
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