05/06/2014



HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"

Desemprego impede 41% dos cursos
 de abrir novas vagas

428 licenciaturas e mestrados integrados não poderão abrir novas vagas no próximo ano lectivo devido às taxas de desemprego registadas entre os seus diplomados.

 Há 428 cursos superiores impedidos de abrir novas vagas no próximo ano lectivo por registarem elevadas taxas de desemprego entre os seus diplomados. As contas pertencem ao Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e mostram que 41% das licenciaturas e mestrados integrados que neste momento funcionam no país (um universo de 1040) se encontram nesta situação. As áreas das ciências sociais são as mais afectadas.

De acordo com os dados compilados pelos reitores, entre os cursos com níveis de desemprego superior à taxa nacional, ou à média registada na própria instituição onde são leccionados, cerca de metade (216) pertencem às universidades e os restantes 212 aos institutos politécnicos.

Os números constam do parecer do CRUP ao despacho do Ministério da Educação que define as regras da abertura e distribuição de vagas para o próximo ano lectivo. Cálculos que têm como base o número de diplomados inscritos nos centros de emprego do IEFP e a taxa média de desemprego registada pelo INE - que no primeiro trimestre do ano, momento em que a tutela rec olheu os dados, se situava nos 15,1% - e que acompanham algumas críticas e sugestões ao Ministério da Educação, a que o Económico teve acesso.

Ora estes são números que, não sendo "agradáveis", não surpreendem o presidente da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Ao Económico, Alberto Amaral diz que "seria de esperar" esta percentagem de cursos impedidos de aumentar as vagas "devido às elevadas taxas de desemprego dos licenciados". Ainda assim, salienta, "a taxa de desemprego dos licenciados é mais favorável do que a dos que não possuem um diploma".

Tal como no ano passado, o despacho orientador de Nuno Crato não implica directamente uma redução do total de vagas. E dá liberdade às instituições para fazerem a redistribuição dos lugares disponíveis para o concurso de Julho entre os cursos em funcionamento.

No entanto, o vice-reitor da Universidade do Alto Douro e Trás-os-Montes (UTAD), João Coutinho, assegura que, com as regras estabelecidas neste despacho, algumas instituições vão forçosamente diminuir o total da sua oferta. Isto porque, além dos 428 cursos que não podem aumentar as vagas por causa da empregabilidade, há 16 cursos que vão encerrar por terem menos de dez inscritos nos dois últimos anos lectivos, a que se somam 20 outros que não podem aumentar as vagas por serem da área da Educação que, por opção política, sofreram uma redução anual de 20% das vagas desde 2011/2012.

 Em resultado de tudo isto, prevê João Coutinho, "muitas instituições não vão conseguir alocar todas as vagas a que têm direito".

Apesar de tudo isto, o reitor da Universidade do Minho, António Cunha, defende que este documento deste ano "é mais positivo em relação ao do ano passado".

Cursos da área das Ciências Sociais são os mais afectados  
De acordo com os reitores ouvidos pelo Económico, as áreas mais afectadas entre os cursos pelas altas taxas de desemprego variam de instituição para instituição, mas os cursos da área das Ciências Sociais - Sociologia, as Letras, História, Filosofia, Serviço Social ou Animação Socio-cultural - e a Engenharia Civil são consensualmente identificados como os mais problemáticos. 

Reduzir vagas tendo em conta a taxa de empregabilidade dos diplomados tem sido a estratégia defendida por Nuno Crato de forma a regular a oferta formativa com a procura dos alunos e com as tendência da economia. 

Este ano, porém, o ministro optou por não impor metas de redução para os cursos com taxa de desemprego alta. Segundo o artigo 9º do novo despacho, o número de vagas a abrir num curso "cujo nível de desemprego seja, cumulativamente, superior ao nível de desemprego da instituição e ao nível geral de desemprego, não pode ser superior ao número de vagas" abertas no passado ano lectivo. Regra que, para o reitor da Universidade do Minho, António Cunha, "tem em conta a realidade regional de cada instituição". 


Para o reitor, a regra deste ano "é mais permissiva e positiva" em relação à do ano passado quando as instituições foram mesmo forçadas a reduzir entre 5% a 10% do número de vagas, dependendo da taxa de empregabilidade dos seus diplomados nos últimos cinco anos lectivos. Orientação que "provocou uma redução de vagas em cursos em que não fazia sentido", defende.

Questionado pelo Económico, o Ministério da Educação diz que "as orientações para a fixação das vagas no ensino superior público estão em fase de finalização na sequência da consulta realizada co CRUP e ao CCISP".

 * No macilento reino do cavaquistão universidades, bancos, centros comerciais gigantescos e outros "empreendedorosos" cresceram como se fossem de aviário. Destruiu-se a agricultura  a pesca, o ensino técnico e surgiu o dinheiro virtual.
 40% ou mais dos licenciados do país não exerce funções na área onde foram formados, há muitos cursos superiores que nem chegam a ser recursos.


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