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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Empresários apoiam
novos critérios para despedir
As novas regras do despedimento por extinção do posto
de trabalho são bem vistas pelos empresários que consideram que o que
está em causa é melhoria da gestão das empresas.
Os novos critérios para escolher o trabalhador a despedir
em caso de extinção de posto de trabalho, que entram em vigor no
próximo mês, recebem o aval dos empresários nacionais. Apesar de
algumas vozes dissonantes, a maioria dos empresários ouvidos pelo Diário
Económico, considera que com os novos critérios, o sistema se torna
mais justo e mais adaptado à realidade económica empresarial.
"Estes critérios melhoram a gestão das empresas, uma vez que são mais
completos e mais abrangentes do que apenas a antiguidade", afirma Luís
Filipe Pereira, membro do conselho geral da EDP.
O ex-presidente da
Efacec acha "bem o princípio de distinguir os trabalhadores pelo seu
desempenho, não fazendo tábua rasa da antiguidade". É, adianta, "um
passo positivo". Igual opinião tem o presidente da Riopele, José
Alexandre Oliveira: "Tenho todo o respeito pela antiguidade, mas esta
não pode ser um posto". O empresário considera que "os critérios ajudam
as empresas a seriar com mais justiça, uma vez que são mais alargados".
Segundo as novas regras, caso existam vários postos idênticos na
secção, o trabalhador a despedir será o que tiver pior avaliação de
desempenho, com parâmetros previamente conhecidos. Nas empresas onde não
existe um sistema destes, ou em caso de empate, é o emprego do
trabalhador com menores habilitações académicas e profissionais que está
em risco. Se também aqui for preciso desempatar, será seleccionado, por
ordem, o trabalhador mais "caro" para a empresa, o menos experiente na
função e, por fim, o que detém menor antiguidade. Actualmente, os
critérios em vigor protegem sobretudo os trabalhadores mais antigos.
Para Eduardo Rangel, presidente do grupo Rangel "a liberalização do
mercado de trabalho ajuda as empresas a gerir os quadros de forma mais
eficaz" e esta medida, acrescenta, "é um passo importante, porque a lei
laboral está enferma e o essencial era que isto fosse revisto na
Constituição". Rangel admite que "só em casos muito concretos as
empresas recorrem a esta figura". Transversal a todos os sectores, a
medida que entra agora em vigor é também do agrado de António Rodrigues.
O presidente executivo do grupo de construção Casais adianta que a "lei
anteriormente era cega e o que deve estar em causa é a sustentabilidade
das empresas".
João Costa da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, por seu
turno, diz que "esta nova versão , depois do chumbo do Tribunal
Constitucional, é mais ajustada à realidade". Recorde-se que o Governo
tentou mudar a lei que protegia os trabalhadores mais antigos, mas o
Tribunal Constitucional travou a mudança. Foi na sequência deste chumbo
que o Governo propôs as regras que agora estão prestes a entrar em
vigor.
Em discordância com a nova lei, mas porque consideram que o mercado
laboral devia ser mais flexível estão João Miranda da Frulact, Manuel
Tarré da Gelpeixe e Eugénio Santos da Colunex. Estes empresários
consideram que "não se podem impor postos de trabalho, nem o Estado deve
definir critérios para as empresas poderem ou não despedir".
* A extinção do posto de trabalho é normalmente uma farsa, ex: extingue-se o cargo de director de produção e "inventa-se" o cargo de "gestor de produtividade".
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