13/05/2014

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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"

As 1001 facetas do Sr. Alibaba 

 Jack Ma é o homem por detrás do gigante mundial que se prepara para ser maior do que o Google ou o Facebook.

Em Setembro de 2009, na festa do décimo aniversário da Alibaba, Jack Ma emergia do centro de um palco perante 40.000 funcionários e clientes. Munido de uma peruca branca, baton vermelho, óculos escuros e um blusão de cabedal, o então CEO do "eBay chinês" interpretou uma versão punk rock da música inicial do Rei Leão. Jack estava no seu ambiente. Na "Alifest", rodeado da "Alipeople", como gosta de lhes chamar. Mas Jack Ma não se tornou na quinta pessoa mais rica da China por ser um artista frustrado. É antes alguém com muitas facetas.

Com uma fortuna pessoal avaliada em 8,1 mil milhões de dólares, Jack Ma começou por ser professor de inglês, não sem antes chumbar no exame de admissão à faculdade por duas vezes.
15 dólares era o seu salário mensal. Na adolescência, e durante nove anos, Ma levantava-se às cinco da manhã e pedalava até ao hotel da pequena cidade costeira onde vivia à procura de turistas para fazer visitas guiadas. Não cobrava dinheiro, apenas queria treinar o inglês. E foi precisamente esta aptidão que o levaria anos mais tarde aos EUA, como tradutor num negócio. Foi aí que, em 1995, navegou pela primeira vez na Internet. Procurou "beer" e "China". E para seu grande espanto, não encontrou qualquer marca chinesa. Percebeu aliás que existia pouquíssima informação sobre qualquer coisa relacionada com a China. Regressado a casa, Jack Ma fundou um género de páginas amarelas na Internet e falhou.

Quatro anos mais tarde, e depois de uma passagem pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, Jack criava então a Alibaba. Convenceu 17 amigos, angariou 60.000 dólares e fundou, a partir do seu apartamento, o que era à época uma plataforma de comércio entre empresas chinesas e clientes internacionais. Essa reunião está filmada para a posteridade e nela Jack Ma tentava serenar os piores receios: "Não se preocupem, o sonho da Internet não vai morrer", dizia. Isto ilustra uma das características essenciais no seu sucesso - visão - a outra, dizem, é um verdadeiro espírito de guerreiro.

Jack é aliás um apaixonado por novelas de artes e marciais e de Kung Fu, e costuma mesmo baptizar os seus empregados com alcunhas retiradas dessas histórias. Diz que são a forma mais fácil de explicar o Confucionismo, o Budismo e o Taoísmo, porque reflectem a fraternidade, moralidade, coragem, emoção e consciência. A si chama-se "Feng Qingyang" , um personagem guerreiro que treinou o seu aprendiz para ser um herói, mas que ficou também conhecido pela sua imprevisibilidade e agressividade. Isso mesmo ficou patente na forma como aniquilou o gigante eBay na China, ao recusar-se a cobrar taxas aos seus clientes. Em 2004, o eBay estimava que a China seria o seu maior mercado até 2015. Em 2006 abandonou o país. Um antigo colaborador, dizia ao ‘New York Times': "Ele estava disposto a levar a Alibaba ao chão para derrotar o eBay - a única coisa pior do que um concorrente inteligente é um concorrente louco, que está disposto a gastar todo o seu dinheiro sem qualquer perspectiva de lucro". Ou, nas palavras de Ma: "Sempre desejei ter nascido num período de guerra. Podia ter sido um general. Penso sobre o que poderia ter alcançado na guerra".

Jack Ma - também conhecido por "Crazy Jack" ou "The Godfather" dos empreendedores chineses - tem hoje 49 anos e entregou, em 2013, a presidência executiva da Alibaba a Jonathan Lu, colaborador de longa data. Diz que é preciso dar lugar aos mais novos e justifica-o desta forma: "O sucesso de um CEO deve ser medido pelo número de pessoas que ele treinou e que hoje podem superá-lo. Se alguém me alerta sobre um funcionário que está a tentar passar-me por cima digo que sou um professor, e que é assim que deve ser". Já a sua empresa, da qual hoje é chairman, geriu-a de acordo com a seguinte hierarquia: clientes, empregados, accionistas, e com isso ganhou a sua lealdade.

Na China, Jack Ma é uma verdadeira celebridade, maior que Steven Jobs, Bill Gates ou Mark Zuckerberg, e sem nunca ter escrito uma linha de código na vida. Jack e a Alibaba são a história de sucesso improvável num país de empresas dominadas pelo Estado e de privados que devem o seu sucesso aos laços com o Partido Comunista. 


Filho de actores de teatro, Jack Ma ficará conhecido como o primeiro CEO global da China. Hoje dedica-se a causas sociais e ambientalistas, às quais já dedicou grande parte da sua fortuna, sem nunca deixar de ser a cara, a voz e o líder incontestável da Alibaba. Um gigante que domina o espaço da Amazon, eBay e PayPal no maior país do mundo, e cujas receitas anuais superam o das três empresas combinadas. A Alibaba prepara-se para protagonizar o maior IPO de sempre nos EUA e para ser maior do que o Google ou o Facebook. 

Uma empresa que Jack Ma foi distribuindo ao longo do tempo por colaboradores e organizações sem fins lucrativos, porque: "Quando a nossa fortuna excede um certo nível, então o dinheiro deixa de ser nosso. É dinheiro da sociedade. É o dinheiro que a sociedade nos deu e temos a responsabilidade de o partilhar da melhor forma", diz Jack, dono de 7,4% da empresa que fundou.

* Os donos do dinheiro...


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