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HOJE NO
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Qualidade do ensino de Medicina em causa por excessivo número de vagas
Entre
1995 e 2013 verificou-se um acréscimo de 475 para 1570 vagas no
contingente geral para ingresso nos cursos de Medicina em Portugal
A
Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) defende uma
redução do número total de vagas nestes cursos, por considerar que as
instituições não estão em condições de garantir uma formação de
qualidade a todos os alunos.
A reivindicação surge no seguimento da apresentação pública do
projeto de despacho de vagas no ensino superior para 2014-2015, que
determina a manutenção do mesmo número de vagas para os cursos de
Medicina em relação ao ano letivo que ainda decorre.
Citando uma recomendação de 2012 do Grupo de Trabalho para a Revisão
do Internato Médico, constituído pelo Ministério da Saúde, a ANEM
recorda a proposta de redução de vagas para dois terços da atual oferta,
e sublinha que esse grupo de trabalho afirmava na altura que “só deste
modo, se poderá manter e reforçar o bom nível de formação pré-graduada e
assegurar, aos que chegam ao sistema formativo do Ministério da Saúde,
uma profissionalização que respeite os parâmetros europeus”.
“Em linha” com o grupo de trabalho “a ANEM defende que a redução do
‘numerus clausus’ para as escolas médicas nacionais e a extinção do
concurso especial de acesso a titulares do grau de licenciado […] são
medidas essenciais na defesa da qualidade do ensino médico. São também
necessárias para garantir a sustentabilidade de uma formação médica
integrada e consequente qualidade da prestação de cuidados no Serviço
Nacional de Saúde (SNS)”, lê-se no comunicado da associação de
estudantes.
Os estudantes de Medicina defendem ainda que “esta redução deverá
proceder-se a um ritmo que assegure, por um lado, o seu propósito de
otimização das condições formativas das escolas, e que por outro lhes
permita um processo de adaptação à redução no número de ingressos
anual”.
“Entre 1995 e 2013 verificou-se um acréscimo de 475 para 1570 vagas
no contingente geral para ingresso nos cursos de Medicina em Portugal,
um aumento superior a 300%. A estas vagas, acrescem os estudantes ao
abrigo do contingente especial para acesso a titulares de grau de
licenciado, que traduzem um acréscimo de 15% do contingente geral, para
um total de mais de 1800 estudantes por ano”, refere o comunicado.
A ANEM cita o projeto de despacho do Governo sobre as vagas para
2014-2015, que está em discussão pública até ao final do mês, para
frisar que é o executivo que quer fazer depender a fixação de lugares no
ensino superior dos “fatores de qualidade do ciclo de estudos,
incluindo os recursos humanos e materiais”, assim como da sua utilização
racional.
“Tal não se coaduna com a manutenção do número de vagas, visto que o
aumento do número de estudantes de Medicina sem respetivo incremento nas
condições pedagógicas das várias escolas médicas perspetiva a redução
da qualidade do ensino médico, traduzida pelos elevados rácios
tutor-estudante em todo o país”, defende a ANEM.
Em causa estão também as condições em que são feitos os internatos,
com demasiados alunos a acompanhar o mesmo paciente, na opinião dos
estudantes, que consideram que a situação gera “um conflito” entre as
necessidades de formação dos alunos e a vulnerabilidade dos pacientes,
comprometendo “seriamente a humanização dos cuidados de saúde”.
A ANEM quer ser recebida em audiência pelo ministro da Educação, Nuno
Crato, e pelo secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira
Gomes, para lhes transmitir as suas preocupações.
* As preocupações xenófobo/elitisto/profissionais dos pretendentes a médicos, já lhes escasseia ética.
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