Periferia europeia:
perspectiva italiana
De acordo com o relatório do BCE do passado mês de
Fevereiro, Espanha e Grécia parecem estar no caminho certo para a
melhoria económica. No entanto, alguns riscos podem ainda surgir de um
dos restantes membros da tão chamada periferia europeia, Itália.
O que vai acontecer na Europa em 2014? Qual é a atual situação da
periferia europeia? Tanto analistas do mundo financeiro como "European
think tanks", como Bruegel, argumentam que a zona euro se encontra em
período de recuperação e provavelmente ainda se vai deparar com
problemas durante o ano de 2014. De acordo com o relatório do BCE do
passado mês de Fevereiro, Espanha e Grécia parecem estar no caminho
certo para a melhoria económica. No entanto, alguns riscos podem ainda
surgir de um dos restantes membros da tão chamada periferia europeia,
Itália.
Há um ano e meio, no polémico documentário "Girlfriend in a Coma"
realizado por Bill Emmott e Annalisa Piras foi descrito o constante
declínio moral e económico de Itália, analisando criticamente a situação
política do país.
Será que esta ainda é a realidade presente em Itália? Em um ano e
meio, o "Bel Paese" atravessou diversas mudanças políticas. Desde o
governo dos técnicos, liderado pelo Senador Mario Monti, à legislação de
um ano de Enrico Letta e ainda ao recentemente criado governo liderado
por Matteo Renzi. O novo primeiro-ministro trouxe consigo novas caras ao
mundo político italiano e formou o mais jovem governo em toda a
história da república italiana.
As reações do mundo financeiro e da Europa têm sido positivas face a
este caminho percorrido? Jan Hatzius, chief economist na Goldman Sachs
recentemente declarou, durante uma entrevista ao Frankfurter Allgemeine
Zeitung, que Itália permaneceria o maior risco para a economia europeia
não só pela instabilidade política como também pela falta de
competitividade. No entanto, durante a reunião bilateral entre a Itália e
a Alemanha, a chanceler Merkel expressou apreciação face ao programa
implementado por Renzi.
De acordo com a primeira-ministra alemã, o novo primeiro-ministro
italiano de 39 anos poderá criar mudanças estruturais profundas em
Itália. Apontamentos positivos foram referenciados face a estas reformas
estruturais, reformas laborais e aos incentivos ao desenvolvimento da
economia que se encontrariam alinhados com o pacto de estabilidade ao
mesmo tempo que fomentariam crescimento económico e emprego. O percurso
avizinha-se difícil, no entanto, Renzi parece encontrar-se no bom
caminho.
Como italiana e estudante de economia, devo realçar que o caminho
certo a seguir por Itália não precisa de ser construído de raiz. O
percurso já se encontra traçado e deve passar por apostar em nichos
exclusivos que não existem em outras partes do mundo. Exemplos como
arte, turismo, moda, negócios na área do artesanato e mecânica devem ser
perseguidos uma vez que, na minha opinião, são o futuro de Itália.
As esperanças e projetos das famílias e trabalhadores assentam no que
moldou Itália, nos anos 50, num país que cresceu a níveis equiparáveis
aos da China atualmente, com um "PIL" que cresceu 8% por ano. De forma a
tirar partido disto, este governo deve trabalhar com o intuito de
regenerar o que ainda se encontra "adormecido" na economia italiana e
que, no entanto, possui elevado valor.
Nova Investment Club
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
30/03/14
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