25/04/2014

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HOJE NO
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Microsoft comprou hoje unidade
 de telemóveis do ex-gigante 
tecnológico Nokia

A venda agora do negócio de telefones móveis da Nokia à Microsoft põe fim a uma era para a empresa finlandesa, mas também pode significar a salvação

O grupo informático norte-americana Microsoft concluiu hoje a compra unidade de telemóveis da Nokia, numa operação de cerca de 5,4 mil milhões de euros, pondo fim à lenta agonia daquele que já foi um gigante tecnológico. 

"Esta aquisição marca o primeiro passo para juntar estas duas empresas numa equipa", disse em comunicado a Microsoft, indicando que a operação afeta cerca de 25 mil trabalhadores em todo o mundo. 

O ex-presidente da empresa finlandesa Nokia, Stephen Elop, ocupará a vice-presidência executiva da área de dispositivos da Microsoft e reportará ao responsável da Microsoft, Satya Nadella. A partir desse cargo, Elop vai supervisionar as operações que incluem os telefones e ‘tablets’ Lumia, os telefones móveis da Nokia, as consolas Xbox e Surface e os programas Perceptive Pixel.
Nos últimos anos, a Nokia passou de líder indiscutível do mercado para uma máquina de perder dinheiro. 

Por um lado, é difícil explicar como uma empresa de um país de apenas cinco milhões de pessoas próximo ao Pólo Norte foi capaz de dominar por mais de uma década o mundo das telecomunicações, um dos setores de tecnologia mais competitivos e em constante mudança. 


Da mesma forma, não é fácil resumir as razões que causaram o rápido declínio da Nokia depois da revolução que a Apple fez no mercado de ‘smartphones’ (telefones inteligentes) com o seu primeiro modelo de iPhone, em 2007. 

Quando o iPhone apareceu, a Nokia tinha um domínio esmagador, ao fabricar um em cada três telefones móveis e cerca de 40% dos ‘smartphones’ que se vendiam no mundo, mais do que os seus três principais rivais juntos. 

No entanto, esse ano foi fatídico para a Nokia. A maioria dos analistas concorda que grande parte culpa pelo declínio da empresa está relacionada com a falta de visão e soberba dos seus administradores. 

A falta de visão impediu a empresa de adivinhar o gosto do consumidor, razão pela qual foram recusadas algumas das inovações dos seus próprios engenheiros que, anos mais tarde, se tornariam grandes modas, como a tela sensível ao toque ou o ‘tablet’ eletrónico. 

A gigante finlandesa fabricou o seu primeiro ‘tablet’, o Nokia 510, em 2001, nove anos antes de a Apple tornar moda esses dispositivos com o iPad, mas nunca o chegou sequer a pô-lo à venda.
Também lançou o primeiro telemóvel com ecrã tátil, o Nokia 7710, em 2004, três anos antes do iPhone, mas logo depois retirou-o do mercado e deixou de desenvolver essa tecnologia. 

A soberba, por outro lado, fez os executivos da Nokia não se juntarem às tendências do mercado de maior sucesso. Enquanto empresas como Samsung, LG e HTC foram rápidas em apontar para a moda dos ‘smartphones’ com ecrã tátil, adotando um sistema operativo externo (Android, da Google), a Nokia insistiu em manter os seus próprios sistemas (Symbian e MeeGo) para poder diferenciar-se. 

O resultado foi que, em 2012, a Samsung ganhou a liderança global à Nokia e o trono dos ‘smartphones’ à Apple, graças principalmente aos esforços de outros, já que adaptou o ‘design’ do iPhone, incorporou o sistema operativo da Google e pagou pelo uso de patentes telefónicas da Nokia .
Então, a Nokia reagiu e, em resultado da cooperação com a Microsoft, nasceu a gama de ‘smartphones’ Lumia, mas que mal conseguiu entrar no mercado 

O setor de tecnologia, ao fim e ao cabo, consiste em inovação e em modas, com os dispositivos mais inovadores a não conseguirem ter sucesso se não forem capazes de criar uma febre contagiosa entre os consumidores. 

A venda agora do negócio de telefones móveis da Nokia à Microsoft põe fim a uma era para a empresa finlandesa, mas também pode significar a salvação. 

A divisão de Dispositivos e Serviços é atualmente o maior problema da empresa. Em 2013 foi responsável por 46% dos 23.444 milhões de euros que o grupo faturou e teve um prejuízo de 780 milhões de euros. 

Desde que o acordo entre Nokia e Microsoft foi conhecido, a 03 de setembro, que as ações da empresa finlandesa subiram 78% na Bolsa de Helsínquia. 

A partir de hoje, a Nokia fica dedicada principalmente à fabricação e manutenção de redes de telecomunicações e contará ainda com dois outros departamentos que continuarão a desenvolver mapas digitais e serviços de geolocalização e a gerir o extenso portfólio de patentes de telefones móveis.

* A soberba derruba impérios, uma empresa europeia colonizada por outra americana.
VIVA O 25 DE ABRIL

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