HOJE NO
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Microsoft comprou hoje unidade
de telemóveis do ex-gigante
tecnológico Nokia
A
venda agora do negócio de telefones móveis da Nokia à Microsoft põe fim
a uma era para a empresa finlandesa, mas também pode significar a
salvação
O
grupo informático norte-americana Microsoft concluiu hoje a compra
unidade de telemóveis da Nokia, numa operação de cerca de 5,4 mil
milhões de euros, pondo fim à lenta agonia daquele que já foi um gigante
tecnológico.
"Esta aquisição marca o primeiro passo para juntar estas duas
empresas numa equipa", disse em comunicado a Microsoft, indicando que a
operação afeta cerca de 25 mil trabalhadores em todo o mundo.
O ex-presidente da empresa finlandesa Nokia, Stephen Elop, ocupará a
vice-presidência executiva da área de dispositivos da Microsoft e
reportará ao responsável da Microsoft, Satya Nadella. A partir desse
cargo, Elop vai supervisionar as operações que incluem os telefones e
‘tablets’ Lumia, os telefones móveis da Nokia, as consolas Xbox e
Surface e os programas Perceptive Pixel.
Nos últimos anos, a Nokia passou de líder indiscutível do mercado para uma máquina de perder dinheiro.
Por um lado, é difícil explicar como uma empresa de um país de apenas
cinco milhões de pessoas próximo ao Pólo Norte foi capaz de dominar por
mais de uma década o mundo das telecomunicações, um dos setores de
tecnologia mais competitivos e em constante mudança.
Da mesma forma, não é fácil resumir as razões que causaram o rápido
declínio da Nokia depois da revolução que a Apple fez no mercado de
‘smartphones’ (telefones inteligentes) com o seu primeiro modelo de
iPhone, em 2007.
Quando o iPhone apareceu, a Nokia tinha um domínio esmagador, ao
fabricar um em cada três telefones móveis e cerca de 40% dos
‘smartphones’ que se vendiam no mundo, mais do que os seus três
principais rivais juntos.
No entanto, esse ano foi fatídico para a Nokia. A maioria dos
analistas concorda que grande parte culpa pelo declínio da empresa está
relacionada com a falta de visão e soberba dos seus administradores.
A falta de visão impediu a empresa de adivinhar o gosto do
consumidor, razão pela qual foram recusadas algumas das inovações dos
seus próprios engenheiros que, anos mais tarde, se tornariam grandes
modas, como a tela sensível ao toque ou o ‘tablet’ eletrónico.
A gigante finlandesa fabricou o seu primeiro ‘tablet’, o Nokia 510,
em 2001, nove anos antes de a Apple tornar moda esses dispositivos com o
iPad, mas nunca o chegou sequer a pô-lo à venda.
Também lançou o primeiro telemóvel com ecrã tátil, o Nokia 7710, em
2004, três anos antes do iPhone, mas logo depois retirou-o do mercado e
deixou de desenvolver essa tecnologia.
A soberba, por outro lado, fez os executivos da Nokia não se juntarem
às tendências do mercado de maior sucesso. Enquanto empresas como
Samsung, LG e HTC foram rápidas em apontar para a moda dos ‘smartphones’
com ecrã tátil, adotando um sistema operativo externo (Android, da Google), a Nokia insistiu em manter os seus próprios sistemas (Symbian e MeeGo) para poder diferenciar-se.
O resultado foi que, em 2012, a Samsung ganhou a liderança global à
Nokia e o trono dos ‘smartphones’ à Apple, graças principalmente aos
esforços de outros, já que adaptou o ‘design’ do iPhone, incorporou o
sistema operativo da Google e pagou pelo uso de patentes telefónicas da
Nokia .
Então, a Nokia reagiu e, em resultado da cooperação com a Microsoft,
nasceu a gama de ‘smartphones’ Lumia, mas que mal conseguiu entrar no
mercado
O setor de tecnologia, ao fim e ao cabo, consiste em inovação e em
modas, com os dispositivos mais inovadores a não conseguirem ter sucesso
se não forem capazes de criar uma febre contagiosa entre os
consumidores.
A venda agora do negócio de telefones móveis da Nokia à Microsoft põe
fim a uma era para a empresa finlandesa, mas também pode significar a
salvação.
A divisão de Dispositivos e Serviços é atualmente o maior problema da
empresa. Em 2013 foi responsável por 46% dos 23.444 milhões de euros
que o grupo faturou e teve um prejuízo de 780 milhões de euros.
Desde que o acordo entre Nokia e Microsoft foi conhecido, a 03 de
setembro, que as ações da empresa finlandesa subiram 78% na Bolsa de
Helsínquia.
A partir de hoje, a Nokia fica dedicada principalmente à fabricação e
manutenção de redes de telecomunicações e contará ainda com dois outros
departamentos que continuarão a desenvolver mapas digitais e serviços
de geolocalização e a gerir o extenso portfólio de patentes de telefones
móveis.
* A soberba derruba impérios, uma empresa europeia colonizada por outra americana.
VIVA O 25 DE ABRIL
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