HOJE NO
"PÚBLICO"
Ministério Público demora oito anos
a ouvir Paulo Portas no inquérito
dos submarinos
a ouvir Paulo Portas no inquérito
dos submarinos
Vice-primeiro-ministro pediu à PGR para anunciar que tinha testemunhado no processo aberto pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal em 2006.
O Ministério Público demorou oito anos a ouvir pela primeira-vez
Paulo Portas - actualmente vice-primeiro-ministro e o ministro da Defesa
que em Abril de 2004 assinou o contrato de aquisição de dois submarinos
a um consórcio alemão - no inquérito que investiga desde 2006 suspeitas
de corrupção, tráfico de influência e branqueamento de capitais neste
negócio.O Departamento Central de Investigação e Acção Penal optou por
ouvir o ex-ministro da Defesa como testemunha.
A nota pública
feita esta quinta-feira pela Procuradoria-Geral da República (PGR) foi
pedida pelo próprio Paulo Portas, o que se deduz por uma referência que o
Ministério Público faz no comunicado e num esclarecimento posterior.
Logo no início da nota, a PGR justifica a informação “ao abrigo do n.º
13, do artigo 86.º do Código de Processo Penal”, tendo acrescentado mais
tarde que tal era feito no âmbito da alínea a). Ora essa disposição
refere que, apesar de um processo se encontrar em segredo de justiça,
podem ser prestados esclarecimentos públicos pela autoridade judiciária
“a pedido de pessoas publicamente postas em causa”.
O
PÚBLICO contactou esta quinta-feira repetidamente Paulo Portas e o seu
assessor de imprensa, Paulo Dias Figueiredo, mas nenhum deles atendeu as
chamadas.
Esta investigação arrancou em 2006, na sequência de um outro caso, conhecido como Portucale,
que julgou e absolveu o ex-dirigente do CDS-PP Abel Pinheiro por
exercer a sua influência para conseguir em 2005 autorização do então
Governo PSD/CDS-PP para o abate de sobreiros, o que era essencial para
viabilizar um empreendimento turístico do grupo Espírito Santo na
herdade da Vargem Fresca, em Benavente. Conversas entre Abel Pinheiro,
ex-responsável pelas finanças do CDS-PP, e Paulo Portas, presidente do
CDS-PP, determinaram a abertura da investigação dos submarinos.
Mas
desde então o processo já teve três equipas diferentes a dirigi-lo. A
primeira composta por Auristela Gomes e Carla Dias conduziu o inquérito
até Janeiro de 2011, tendo pedido para se afastar da investigação após
um processo disciplinar instaurado pelo então procurador-geral da
República, Pinto Monteiro, devido ao facto de Carla Dias manter uma
relação amorosa com o presidente do centro de inovação Inteli, que foi
perito durante três meses neste inquérito. O caso passou então para as
mãos do procurador João Ramos que se manteve à frente do caso até meados
do ano passado, altura em que este saiu do DCIAP (que deixou de ser
dirigido por Cândida Almeida e passou a ser liderado por Amadeu Guerra),
sendo substituído pelos procuradores Júlio Braga e Josefina
Escolástica.
A referência às suspeitas que o Ministério Público
tinha sobre Paulo Portas estavam patentes em várias cartas rogatórias
mandadas para a Alemanha, a Suíça e o Reino Unido, mas mesmo assim a
antiga directora do DCIAP, Cândida Almeida, assegurou várias vezes que
não tinham sido "recolhidos indícios da prática de ilícito de natureza
criminal" por parte de Paulo Portas "no processo dos submarinos", a
última das quais em Setembro de 2012.
Em meados do ano passado e
devido à eventual prescrição do processo foram constituídos novos
arguidos, tendo neste momento o inquérito suspeitos. São eles o
presidente da Escom, Hélder Bataglia, e dois administradores desta
empresa do Grupo Espírito Santo, Luís Horta e Costa e Pedro Ferreira
Neto, que prestaram assessoria ao consórcio alemão, a par de um
consultor que trabalhou para os alemães, Miguel Horta e Costa.
* Oito anos permitem tudo, ter amnésias, reescrever a história, tomar decisões irrevogáveis, etc..
VIVA O 25 DE ABRIL
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