HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
União Europeia não vai financiar
mais estradas em Portugal
Os fundos comunitários não vão pagar
nem mais um quilómetro de estradas em Portugal. A Comissão Europeia
considera que o investimento em infraestruturas rodoviárias não é
prioritário para o país, que deve concentrar-se em usar a última injeção
de dinheiro europeu em projetos que criem maior impacto na economia
regional. A prioridade para a Europa são projetos de economia verde e
digital, investigação e desenvolvimento, apoio às PME e programas de
criação de emprego.
"Nem última milha, nem último
minuto. Portugal já investiu muito em estradas no passado, essas
infraestruturas não devem ser uma prioridade", disse, esta segunda-feira
à noite, a porta-voz da Comissão Europeia para a Política Regional,
Shirin Wheeler, num encontro com jornalistas portugueses, em Bruxelas.
"A "last mile" (última milha) era a esperança de muitos autarcas do
Norte e Centro, que contavam que Portugal conseguisse negociar com
Bruxelas a alocação de fundos à construção e beneficiação de várias
rodovias.
Fugindo um pouco ao que é habitual na diplomacia
europeia, a porta-voz da Comissão Europeia para a Política Regional foi
muito direta ao responder aos jornalistas portugueses sobre a
possibilidade de serem cofinanciadas estradas que há muitos anos são
reclamadas por autarcas e cuja construção tem sido adiada há vários
anos. Shirin Wheeler deu a entender que deve ser o Orçamento de Estado a
assumir essas obras. "O dinheiro da UE não pode fazer tudo, há um ponto
em que é preciso fazer escolhas políticas", referiu a responsável.
"As
estradas criam dinheiro por alguns meses, mas não criam emprego que
alimentam famílias no futuro", declarou Shirin Wheeler, quando foi
questionada sobre a possibilidade de Portugal obter financiamento para
as infraestruturas de "última milha". Indicando que essa questão "não é
exclusiva de Portugal", disse que pode haver investimento em estradas,
desde que esteja incluído numa estratégia nacional e também numa rede
transeuropeia.
No momento em que Portugal negoceia com a Comissão
Europeia a sua estratégia de investimento para o quinto e último Quadro
Comunitário de Apoio, a esperança de autarcas do Grande Porto, Minho,
Trás-os-Montes e das Beiras, que nos últimos meses têm insistido na
conclusão ou concretização da estradas há muito prometidas, era
precisamente o financiamento da "última milha". É o caso da construção
do IC35 para substituir a EN106 (Vale do Sousa), das variantes à EN14
(Trofa, Famalicão e Maia) e à EN101 (Braga a Ponte da Barca),
das ligações Baião - Ponte da Ermida e entre alguns nós de
auto-estradas (caso da A41 à A3, em Santo Tirso) e ainda, na zona
centro, da ligação entre Aveiro e Coimbra.
Todavia, Bruxelas é
clara na sua estratégia de apoiar outra classe de projetos no âmbito de
"uma mudança de direção da política regional", disse Shirin Wheeler no
encontro com jornalistas portugueses, que acompanharam, naquela cidade, a
atribuição dos prémios RegioStars. O projeto "Art on Chairs", de Paredes, ganhou na categoria Crescimento Inteligente,
e a Maia ficou entre os cinco finalista da categoria Crescimento
Sustentável com o projeto "Ecoponto em casa". No ano passado, a UPTEC
(Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto), venceu também
um destes "óscares" do desenvolvimento regional. Todos serviram de
exemplo: "É este o tipo de projetos que qureemos apoiar no futuro",
indicou a responsável.
Por estes dias, o Governo está a negociar
com Bruxelas o seu Acordo de Parceria, no qual assume as suas
prioridades de financiamento com fundos estruturais europeus. O esboço
do Acordo de Parceria português foi entregue em Janeiro e ainda apenas
12 dos 28 Estados Membros submeteram as suas propostas. Segundo Shirin
Wheeler, nenhum dos esboços entregues está aceitável, à luz da nova
missão que o Parlamento Europeu definiu para os fundos comunitários
2014-2020: "Temos de mudar a gestão de forma a garantir melhor efeito
para os fundos", resumiu.
Até Maio, todos os Acordos de Parceria têm que
estar fechados. Recorde-se que, no final desse mês, realizam-se
eleições para o Parlamento Europeu, cujo resultado indicará também a
nova composição da Comissão Europeia.
* Os caciques do betão já mamaram muito dinheiro e construíram auto estradas onde não eram precisas, em detrimento da via férrea.
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