22/04/2014


HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"

 Reunião dos deputados com a troika:
. "Austeridade é para continuar" 

Os vários grupos parlamentares saíram da ultima reunião com os representantes da troika com a mesma conclusão: "os cortes estão para ficar" e "há um longo caminho para percorrer". 
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Os representantes do FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu reuniram esta tarde com os vários grupos parlamentares, naquele que foi o último encontro no âmbito do programa de assistência financeira, que entrou agora na 12ª e última avaliação. 


Miguel Tiago, do PCP, foi o primeiro a falar aos jornalistas no final da reunião, afirmando que "no essencial, a troika veio dizer que as políticas são para continuar" e que a "tendência de austeridade, cortes e supressões salariais" se irá manter no futuro. "Limpa ou não, não há saída", concluiu o deputado.

Pedro Marques, do PS, seguiu um tom bastante semelhante. "Ficou claro que vamos ter mais cortes, pelo menos, aqueles que transformam em permanente o que o Governo sempre disse que era extraordinário", afirmou. Desta reunião com a troika, salientou Pedro Marques, nada resultou sobre quais as medidas previstas para 2015 e que deverão ser conhecidas em breve, no âmbito do Documento de Estratégia Orçamental (DEO). "Mas os cortes permanentes, ficou claro que vão acontecer" e "perspectiva-se a ideia de continuidade", com mais austeridade, concluiu o deputado. 

E foi também austeridade que o Bloco de Esquerda encontrou nas palavras da troika. "Há uma predisposição para realizar uma pressão muito forte neste sprint final do programa de ajustamento" no sentido de "todos os cortes serem não só garantidos, como aprofundados", explicou Luís Fazenda. A atitude, acrescentou, foi a de "vamos selar tudo o que fizemos e garantir a continuidade". 

Miguel Frasquilho: "Convém não embandeirar em arco Miguel Frasquilho, do PSD, escolheu palavras diferentes para comentar o encontro, salientando sempre o facto de ser o último, mas o tom foi também o de que, apesar de a troika estar de saída, "convém não embandeirar em arco, pois temos um longo e difícil caminho pela frente".

Frasquilho não quis falar em cortes, mas afirmou que o seu partido já antes tinha transmitido à troika que "o ajustamento salarial no grosso da economia está feito, é natural que na esfera pública possam ainda surgir algumas medidas, mas que não agravarão a factura". 


Ontem, recorde-se, foi conhecido o relatório do FMI à 11ª avaliação, o qual revela preocupações da troika com a forma como o País vai gerir as suas finanças. Para acelerar a criação de emprego, diz o relatório, haverá que ir mais longe nas reformas do mercado laboral e tornar mais fáceis as reduções salariais e os despedimentos individuais, sendo que uma subida do salário mínimo não é vista com bons olhos. 

Consenso, pede o PSD  
Por outro lado, alerta o FMI, será necessário assegurar um consenso político que garanta que no futuro próximo não haverá novos aumentos de despesa nem descidas de impostos. E foi ao consenso que Miguel Frasquilho aproveitou também para apelar. 

Lembrando que o PS está também "comprometido" com o Tratado Orçamental, o deputado do PSD colocou mais uma vez a tónica nesse na necessidade de Governo e oposição se porem de acordo. "Transmitimos à troika a nossa total disponibilidade para o consenso e para a trajectória que vai ser percorrida nos próximos anos", afirmou, sublinhando que "a maioria está bastante coesa e realista quanto ao que é preciso ser feito" e que esperam que o PS se lhes "reúna". 


Pouco antes, Pedro Marques afirmara que "procurar consensos com base em políticas que não resolvem os problemas é muito difícil e as perspectivas não são muito animadoras". 

Cecília Meireles, que comentou o encontro em nome do CDS-PP, limitou-se a sublinhar o facto de esta ter sido a última reunião com a troika e de isso significar que "Portugal vai ultrapassar esta página da sua história que não é feliz". 

Troika não gostou do "Manifesto dos 70" 
Luis Fazenda, do Bloco de Esquerda, revelou ainda que os membros da troika tiveram "uma reacção muito dura" ao chamado "Manifesto dos 70", assinado por figuras como Manuela Ferreira Leite, Bagão Félix ou João Cravinho e que defendia uma reestruturação da divida publica. "Foi entendido como inoportuno, errado, mal dirigido", e a troika mostrou "uma oposição muito feroz ao manifesto e à reestruturação da dívida", salientou o deputado. 

* Estamos todos tramados por causa da gestão danosa dos vários governos que tivemos.
A troika não quer a reestruturação  da dívida porque iria perder dinheiro e Portugal é um imenso filão de juros.


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