É ele quem
vai dominar o mundo
Os investidores estão nervosos e os analistas surpreendidos com as compras sucessivas de startups e empresas por preços elevados
Duas horas antes da hora marcada para a apresentação, já havia um
acampamento à porta do auditório principal da Fira de Barcelona. Mark
Zuckerberg ia falar, nem interessava sobre o quê, no primeiro dia do
Mobile World Congress. O entusiasmo e a curiosidade eram palpáveis.
Entrou
sorridente, vestindo uma tshirt cinza e calça de ganga escura. Falou
com uma naturalidade assombrosa de como o seu objectivo é ligar à
internet os dois terços do mundo que ainda não têm acesso. Este é o
homem que fundou o Facebook e que pôs em sentido os tubarões de Wall
Street. O dono do Instagram. O louco que comprou o WhatsApp pela quantia
incrível de 12 mil milhões de euros. Ele é, basicamente, o homem que
não vai parar até dominar o mundo.
"Depois de comprar uma empresa
por 16 mil milhões de dólares, provavelmente vais ficar quieto por uns
tempos", disse Zuckerberg, quando lhe perguntaram se ia continuar a
adquirir empresas.
Ou então não. Na semana passada, o Facebook
fisgou a startup de realidade virtual Oculus por 1,4 mil milhões de
euros. E depois foi uma empresa de drones a energia solar, a Ascenta –
embora por uma "pechincha", 14,5 milhões de euros.
Zuckerberg tem
comprado tantas empresas que há uma entrada na Wikipédia só para isso
(a lista vai em 46, entre 2005 e 2014). Mesmo com tremenda liquidez e as
ações acima dos 60 dólares (o preço do IPO foi de 38 dólares, em 2012),
esta estratégia de comprar tudo o que mexe começou a fazer correr
tinta. Será Zuckerberg um doido que anda a queimar o dinheiro dos seus
investidores? Ou será um visionário, com dedo cirúrgico na hora de
comprar as startups que serão relevantes no futuro?
A maioria dos
analistas torceu o nariz à compra da Oculus RV, como também já tinham
franzido o sobrolho na aquisição da WhatsApp – não pelo mérito da
plataforma, mas pelo preço muito inflacionado.
Mas os analistas
não são propriamente dados a epifanias nem a apostas arriscadas. Tão
pouco o são os investidores, que penalizaram o Facebook em bolsa, com
uma queda de 7% do preço de cotação assim que o negócio com a Oculus RV
foi conhecido.
Há quem questione se Zuckerberg se passou,
literalmente. Talvez ter 1,3 mil milhões de utilizadores no seu site o
tenha feito perder o contacto com a realidade. Ou talvez ele seja quem é
– o dono do maior império em potência da Internet – precisamente porque
faz o que outros não fariam. Ele tem uma agenda, e uma grande ambição.
Sabe que tem de estar um passo à frente, tal como a Google soube, em
2006, que o YouTube era a próxima grande coisa – apesar do espanto do
mercado com o negócio de 1,2 mil milhões de euros.
Mark Zuckerberg nasceu em 1984. George Orwell teria medo dele.
IN "DINHEIRO VIVO"
01/04/14
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