HOJE NO
"OJE"
Portugal arrecadou mais de
1000 milhões na venda de passes
de jogadores de futebol
Portugal é um dos grandes players mundiais na
transferência de jogadores e na última década o país vendeu mais de 1000
milhões de euros em passes de jogadores, afirmou Mário Figueiredo,
presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, durante a
conferência do International Club of Portugal, que decorreu ontem em
Lisboa.
O gestor adiantou que Portugal é, de acordo com um
estudo encomendado pela Comissão Europeia à Universidade de Limoges, o
único país europeu com um saldo positivo no balanço entre compras e
vendas de jogadores. Mário Figueiredo realçou, no encontro do ICPT, que
não são apenas os três grandes (Benfica, Sporting e Porto) a vender
passes de jogadores.
Mas também os clubes do meio da tabela
fazem vendas para o estrangeiro. Este modelo de negócio permite o
equilíbrio de contas dos clubes que, sem este recurso, estariam em
situação de insolvência.
Mário Figueiredo realçou o facto de o
país apresentar um PIB modesto - 17.º lugar no conjunto dos países da UE
- mas ter uma indústria de futebol forte, com a UEFA a colocar Portugal
no 5.º lugar do ranking europeu de forma consistente. A França está
atrás de Portugal no ranking da UEFA quando é a terceira economia
europeia.
Esta situação é caso único na Europa "onde existe uma correlação entre o dinheiro
e a performance desportiva", afirma. "Temos algo de especial, temos uma
indústria de futebol altamente qualificada" e adianta que nenhum clube
português faz parte dos 20 mais ricos da Europa, mas em termos de
performance desportiva o Benfica está em 6.º lugar e o Porto em 11º. O
que significa que a capacidade desportiva está acima da capacidade
económica.
O gestor atribui este facto à globalização que
também aconteceu no mundo do futebol. O principal exportador de
jogadores de futebol é o Brasil e o facto de Portugal e o Brasil darem
estatuto de igualdade permitiu a entrada de atletas da América do Sul no
futebol europeu de muito milhões. Portugal ficou também a ganhar com
brasileiros na seleção nacional, sendo que Portugal tem servido de
"porta de entrada no mercado europeu".
Estes números serviram
para Mário Figueiredo avançar com as suas ideias de renovação no futebol
nacional. "Estamos overperforming", afirma, sendo que o modelo de 18
clubes na I Liga permitirá manter a nossa competitividade.
Três
das 15 maiores transferências de sempre no mundo do futebol nos últimos
anos aconteceram com atletas nacionais. O gestor sublinhou que "numa
altura de crise, o futebol português é uma indústria exportadora e
consegue ter uma balança de pagamentos positiva, o que outros setores
não conseguem".
Os clubes de futebol em Portugal apresentam
fracas receitas correntes, sendo que a receita extraordinária com a
venda de passes de jogadores acaba por ser a principal receita. "Os
nossos clubes vivem uma situação financeira frágil, com capitais
próprios negativos e muitas vezes com os ativos de longo prazo a serem
suportados por ativos de curto prazo".
Acrescenta que nos
últimos anos de crise bancária os clubes têm muitas dificuldades em
cumprirem com as obrigações. Os ativos dos clubes duplicaram nos últimos
10 anos, mas os passivos subiram muito mais, enquanto os capitais
próprios tendem para níveis negativos.
O modelo tradicional de
receita dos clubes são a bilheteira, o merchandising, a TV, os passes de
jogadores e os prémios de participação em jogos.
Nas cinco
grandes ligas europeias, com a Inglaterra à frente, as receitas são
correntes através dos direitos televisivos de transmissão e jogos. Em
Portugal, a receita televisiva tem pouco peso e os clubes estão
dependentes das receitas extraordinárias, "fazendo talentos e
vendendo-os", diz Mário Figueiredo.
Portugal é um dos grandes
players mundiais na transação de passes de jogadores, posicionando-se
consistentemente no 5.º lugar do ranking da UEFA, o que tem permitido ao
país ter cinco a seis equipas em competições europeias. O gestor
aproveitou o "palco" do International Club of Portugal para avançar com
algumas das suas ideias para o futebol profissional.
Afirmou
que a Liga renegociou os direitos televisivos com o operador, mas
precisa de aumentar mais a receita oriunda das transmissões televisivas,
ao mesmo tempo que tem de alargar a I Liga, renegociar o salário mínimo
com o sindicato dos jogadores e gerar receitas dos jogos online.
Socorrendo-se do estudo de uma empresa
alemã que trabalha para a UEFA, Figueiredo elencou os prós e os contras
de reduzir a liga a 12 clubes, excluindo quatro. Disse que para estes
clubes haveria um grave problema de finanças e que os conduziria à
insolvência, tendo em conta o atual modelo de gestão dos clubes.
O
caso Bosman teve impacto no modelo de transferência e, como já se
disse, os clubes portugueses vivem destas receitas extraordinárias.
Figueiredo citou um estudo que aconselha o aumento de número de clubes
na I Liga para 18. Esta opção permitirá aos clubes aumentarem o número
de passes de jogadores que poderão vender para o mercado externo. O
maior número de clubes obriga a mais jogos na I Liga, sendo que a
maioria das ligas europeias têm 18 a 20 clubes. Este facto tem a ver com
competitividade, refere a mesma fonte.
* O Estado vê alguma coisa com estas transacções ou é muito "off-shore"?
.
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