HOJE N0
" DINHEIRO VIVO"
Peso da alta tecnologia nas
exportações está a cair desde 2008
Os produtos portugueses de alta tecnologia (PAT) têm vindo a perder peso no total das vendas ao exterior, tendência que se nota, sobretudo, a partir de 2008.
Durante uma visita à nova
sede da farmacêutica Novartis, há duas semanas, Cavaco Silva defendeu a
ideia de que Portugal tem de passar a exportar, acima de tudo, produtos
de média e alta tecnologia, em vez de bens de média e baixa tecnologia.
As
estatísticas mostram, porém, que o país ainda não atingiu esse patamar.
No ano que normalmente é referido como ponto de partida para atual
crise financeira (2008), as exportações de PAT tinham um peso de 6,4%, o
que significava então 2,4 mil milhões de euros num bolo total de 38,8
mil milhões de bens exportados.
No ano passado, os PAT
representaram 3,4% e valiam 1,6 mil milhões de euros, isto é, menos 35%
no espaço de cinco anos. Os dados foram fornecidos pelo INE ao DN/Dinheiro Vivo, mas não são consensuais.
A
Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) opta
por preterir os dados do INE em favor das estatísticas do Gabinete de
Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia, que utiliza o
método da OCDE. O resultado é distinto, mas só em parte. De acordo com
os resultados do GEE, referidos por fonte oficial da AICEP, em 2013,
entre janeiro e novembro, os PAT registavam um peso de 6,8% nas
exportações totais portuguesas, valor que compara com 10,5% do ano
completo de 2008. Trata-se de uma queda de 3,7 pontos percentuais, mais
acentuada, portanto, se compararmos com a registada pelo INE (queda de
três pontos percentuais entre 2008 e 2013).
País não atrai tecnológicas
“A
quebra nas exportações de PAT tem muito a ver com a incapacidade de o
país reter empresas tecnológicas. Algumas acabam por sair para outros
mercados. Estou a lembrar-me de um caso, que prefiro não citar, de uma
tecnológica que não conseguiu financiamento em Portugal, mas obteve-o
nos EUA e instalou-se noutro país europeu”, refere José Crespo de
Carvalho, professor de Gestão no ISCTE.
Mas a explicação não se
liga só aos custos de contexto (preço do financiamento, burocracia,
custo da energia, entre outros exemplos) portugueses. “Há um fenómeno de
diversificação de mercado. Os países do Golfo Pérsico e a Ásia
tornaram-se em fornecedores de PAT que normalmente eram só provenientes
da Europa. Portugal tem a Bosch, Siemens e Autoeuropa, entre outras
empresas, mas o seu potencial exportador não está totalmente aproveitado
por empresas nacionais que poderiam ser fornecedoras de PAT”, refere,
por outro lado, Jaime Quesado, economista e especialista em
competitividade empresarial.
De acordo com os dados do GEE, o
total de bens de alta e média alta tecnologia perderam peso desde 2008,
mas os de média baixa e baixa ganharam terreno.
* Um dos nossos calcanhares de Aquiles
.
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