23/02/2014

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HOJE N0

" DINHEIRO VIVO"

Peso da alta tecnologia nas 
exportações está a cair desde 2008

Os produtos portugueses de alta tecnologia (PAT) têm vindo a perder peso no total das vendas ao exterior, tendência que se nota, sobretudo, a partir de 2008.

Durante uma visita à nova sede da  farmacêutica Novartis, há duas semanas, Cavaco Silva defendeu a ideia de que Portugal tem de passar a exportar, acima de tudo, produtos de média e alta tecnologia, em vez de bens de média e baixa tecnologia.


As estatísticas mostram, porém, que o país ainda não atingiu esse patamar.  No ano que normalmente é referido como ponto de partida para atual crise financeira (2008), as exportações de PAT tinham um peso de 6,4%, o que significava então 2,4 mil milhões de euros num bolo total de 38,8 mil milhões de bens exportados.

No ano passado, os PAT representaram 3,4% e valiam 1,6 mil milhões de euros, isto é, menos 35% no espaço de cinco anos. Os dados foram fornecidos pelo INE ao DN/Dinheiro Vivo, mas não são consensuais.

A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) opta por preterir os dados do INE em favor das estatísticas do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia, que utiliza o método da OCDE. O resultado é distinto, mas só em parte. De acordo com os resultados do GEE, referidos por fonte oficial da AICEP, em 2013, entre janeiro e novembro, os PAT registavam um peso de 6,8% nas exportações totais portuguesas, valor que compara com 10,5% do ano completo de 2008. Trata-se de uma queda de 3,7 pontos percentuais, mais acentuada, portanto, se compararmos com a registada pelo INE (queda de  três pontos percentuais entre 2008 e 2013).

País não atrai tecnológicas
“A quebra nas exportações de PAT tem muito a ver com a incapacidade de o país reter empresas tecnológicas. Algumas acabam por sair para outros mercados. Estou a lembrar-me de um caso, que prefiro não citar, de uma tecnológica que não conseguiu financiamento em Portugal, mas obteve-o nos EUA e instalou-se noutro país europeu”, refere José Crespo de Carvalho, professor de Gestão no ISCTE.

Mas a explicação não se liga só aos custos de contexto (preço do financiamento, burocracia, custo da energia, entre outros exemplos) portugueses. “Há um fenómeno de diversificação de mercado. Os países do Golfo Pérsico e a Ásia tornaram-se em fornecedores de PAT que normalmente eram só provenientes da Europa. Portugal tem a Bosch, Siemens e Autoeuropa, entre outras empresas, mas o seu potencial exportador não está totalmente aproveitado por empresas nacionais que poderiam ser fornecedoras de PAT”, refere, por outro lado,  Jaime Quesado, economista e especialista em competitividade empresarial.

De acordo com os dados do GEE, o total de  bens de alta e média alta tecnologia perderam peso desde 2008, mas os de média baixa e baixa ganharam terreno.

* Um  dos nossos calcanhares de Aquiles


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