ESTA SEMANA NO
"SOL"
Marcelo levanta congresso
Os congressistas preparavam-se para ir jantar quando ouviram anunciar
que Marcelo era o próximo orador. Voltaram para trás para ouvir o
momento mais emotivo e divertido do congresso, em que Marcelo recordou
os momentos da fundação do partido - quando, com uma “barba de Marx”
andou “pelos telhados de Beja”, a fugir aos adversários que boicotavam
os comícios do PSD, e escrevia comunicados numa máquina Olivetti.
Numa
sucessão de episódios caricatos, contou que a primeira sede do PSD foi
“democraticamente arrombada” por uma chaimite emprestada.
“Estou
velho para isto”, começou Marcelo, encantado com a energia de Paulo
Rangel – “este homem é excepcional!” - que tinha sido apresentado como
cabeça de lista às europeias. Falando num tom entre o emotivo e o
irónico, Marcelo distribuiu farpas e elogios.
Entre aplausos e
gargalhadas, os congressistas ouviram o professor dizer de Passos
Coelho, sentado na primeira fila, que a sua frieza e racionalidade “é
muito irritante” e que é “irritantemente longo” e tem pouca apetência
por dar boas notícias ao país.
Paulo Portas foi caricaturado por
esperar que o dia a seguir ao fim da intervenção da troika seja um novo
1640. “No dia 18 de Maio os portugueses não abrem a janela a dizer ‘isto
é um país novo’”. Perante as gargalhadas, recomendou: “Não aplaudam que
é o nosso parceiro de coligação. Aplaudam internamente!”.
Marcelo
contou que decidiu no avião que o trouxe da Madeira vir ao congresso.
“Vim aqui por uma razão afectiva”, repetiu. Ainda hesitou, contou,
quando uns amigos lhe disseram “Isto vai ser mal interpretado, parece
que te estás a fazer a qualquer coisa”. Mais risos.
Não se ficou
pelo registo emotivo. “Já que vim queria dizer três ou quatro coisas
racionais”. Uma delas é queo PSD “continua a ser um partido livre”. “Eu
sou a maior prova disso, quando falo todos os domingos”, ironizou.
Num
congresso em que já se ouviram várias críticas aos adversários
internos, entre eles os comentadores das televisões, como Marcelo – o
ex-líder adptou um tom profesoral, mas num registo ligeiro, para dar uma
pequena lição de história. “Já todos levámos pancada. Queixam-se muito
do Pacheco Pereira, que é inteligente, eu já levei pancada dele e também
já dei pancada nele”.
A democracia interna é uma das forças do
PSD, sublinhou. Uma democracia que possibilita que quem saia do partido –
como Rui Machete, sentado na primeira fila, que o professor apontou
como exemplo dessa tolerância – possa voltar.
Marcelo passou para
um registo sério quando disse que o país vai precisar de consensos entre
os maiores partidos, seja quem for que ganhe as eleições de 2015. O
tempo para os entendimentos será a seguir às europeias, “entre Junho de
2014 e a Primavera de 2015”. Deixar passar este período levará a
“improvisar consensos” com custos para o país.
Nesta fase,
criticou as “hesitações de Seguro” e o erro de não ter percebido mais
cedo que teria que negociar. “Foi o erro de António José Seguro. Se
tivesse delimitado zonas de consenso não tinha de ser António Costa a
vir dizer que são precisos consensos”. Marcelo diz que Seguro tem ainda
“uma nova oportunidade”. “Não há razões eleitorais que impeçam de se sentar à mesa. Tem de sentar
* O "Professor" para além da sua enorme inteligência tem outras excepcionais qualidades como a do "oportunismo no tempo certo".
Depois daquele arrufo com Passos Coelho está de novo na corrida presidencial.
Não votaremos nele.
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