ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
Nova TSU dos idosos vai cortar pensões
a mais 110 mil reformados
A descida de 1350 para 1000 euros no patamar de valores de pensões sujeita a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) vai aumentar em cerca de 40,6% o número de pessoas abrangidas por esta taxa contributiva. Mas o universo poderá ainda sofrer alterações já que o valor mínimo para a incidência da CES não está totalmente fechado.
Entre pensionistas da Caixa Geral de Aposentações e da Segurança
Social, a CES era, até ao final de 2013, paga por cerca de 272 mil
pessoas. Mas com o alargamento da base de aplicação a todos os que
recebem mais de mil euros brutos por mês em pensões, ficarão sujeitos
mais de 382 mil reformados. São mais 110 mil, sendo que a maior parte
(62 mil) virão da Segurança Social).
Esta é uma das medidas
anunciadas pelo Governo para, no imediato, fazer face ao chumbo do
diploma da convergência das pensões, mas ao que o DN/Dinheiro Vivo
apurou não está ainda definitivamente fixado nos mil euros o novo
patamar. Afastado está o cenário de a CES poder incidir sobre pensões de
valor tão reduzido como previa o diploma da convergência, no qual
apenas escapavam aos cortes os reformados com pensões inferiores a 600
euros.
Resta igualmente ainda saber se o esquema de taxas da CES
(entre 3,5% e 10% para pensões até 5030 euros e de 15% e 40% a partir
deste valor) se manterá ou se também será alterado no âmbito da
“recalibragem” da CES que o ministro Marques Guedes referiu, na
quinta-feira, estar a ser feita para que a medida possa contribuir para
acomodar o impacto orçamental do chumbo da convergência das pensões.
Independentemente
do que falta ainda conhecer, a medida está já a ser alvo de forte
contestação, com os sindicatos da função pública a acusarem o Governo de
querer ir ainda mais longe e alargar os cortes a mais pensionistas,
depois de ter visto o Tribunal Constitucional vetar o diploma da
convergência. “Primeiro, o Governo queria cortar nas reformas da CGA,
mas face à decisão do TC, quer espetar a faca ainda mais fundo”,
acentuou Helena Rodrigues, do STE.
Perante o agravamento da CES e
também da contribuição da ADSE, a UGT avançou já com um pedido de
audiência urgente ao Presidente da República, com José Abraão, da Fesap
(afeta à UGT) a acusar o Governo de ter uma “fixação enorme nos
funcionários públicos e pensionistas”. Do lado da CGTP, Arménio Carlos
sinalizou já novas ações de mobilização dos trabalhadores para lutar
contra estes novos cortes de pensões e de salários.
A CES incide
sobre o valor bruto das pensões, tal como o IRS e também a ADSE. Apesar
de, em 2014, os reformados manterem um dos subsídios em regime de
duodécimos, verão subir a retenção mensal do imposto, porque esta passa a
ser feita com base numa tabela concebida para 14 remunerações anuais e
não 13,1, como sucedeu em 2013.
“Vem aí a TSU dos idosos”Seguro
acusou ontem o Governo de estar a preparar uma “TSU dos idosos”,
defendendo que se pode acomodar em 0,2% o défice para o próximo ano
apontando o facto de este valor ser “uma gota de água” no défice
“comparado com os 100 ou 200 euros no bolso de um reformado”. “O PS só
tem uma palavra, sempre esteve e estará contra. Esperemos que dentro do
Governo também só exista uma palavra”, afirmou o líder do PS
referindo-se “à linha vermelha” traçada no ano passado por Portas, em
relação a uma eventual “TSU dos pensionistas” - um aumento de taxas
sobre a generalidade das pensões.
António José Seguro criticou o
que classificou de “meias-medidas” que criam “mais incerteza e
insegurança no início do novo ano para famílias de portugueses que
passam enormes privações”.
* O optimismo do governo custa sangue, súor e lágrimas aos portugueses.
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