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Ainda há amianto nas escolas, intervenções prioritárias atrasadas
As coberturas em fibrocimento que contêm amianto devem ser removidas sempre que o material não está em bom estado, uma vez que o amianto é um material cancerígeno, proibido desde 2005
Ainda há escolas com telhados com amianto, apesar de integrarem uma
lista prioritária do Ministério da Educação que, no ano passado,
prometeu substituir as coberturas de fibrocimento por conterem aquela
substância cancerígena.
Em março do ano passado, o Ministério da Educação e Ciência (MEC)
anunciou um programa de remoção de placas de fibrocimento, tendo
apresentado uma lista de 52 escolas prioritárias.
Na altura, a intenção do MEC era ter as intervenções nestas escolas prioritárias concluídas até final das féras de verão.
A Lusa contactou alguns desses estabelecimentos e encontrou situações
diversas, desde casos de substituições integrais dos telhados até
histórias de diretores que ainda aguardam o arranque das obras.
A Escola Básica e Secundária Professor Mendes dos Remédios, no
Alentejo, pertence ao grupo dos estabelecimentos onde ainda não
aconteceu nada: “Fazemos parte da lista apresentada pelo ministério, mas
não fomos alvo de nenhuma intervenção. Nunca ninguém nos veio visitar”,
contou à Lusa Teresa Mendes, sub-directora da escola frequentada por
alunos do 5.º ao 12.º ano.
Também no Alentejo, a Básica Bernardim Ribeiro não teve ainda
qualquer intervenção. Segundo a Confederação Nacional das Associações de
Pais (Confap), este estabelecimento em Évora está "todo coberto de
amianto".
À Lusa, a Confap apontou ainda a Escola Secundária Manuel Teixeira
Gomes, em Portimão, e a Escola Secundária Damião de Góis, em Alenquer,
como outros dois exemplos sem obras, apesar de constarem da lista.
As coberturas em fibrocimento que contêm amianto devem ser removidas
sempre que o material não está em bom estado, uma vez que o amianto é um
material cancerígeno, proibido desde 2005.
O vice-presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos
e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, disse à Lusa que fez uma
ronda pela lista do MEC e encontrou um “pouco de tudo”: “Vi escolas que
não tiveram qualquer intervenção. Vi escolas que foram parcialmente
intervencionadas e escolas onde foi tudo substituído”, contou à Lusa.
Entre os estabelecimentos com obras já realizadas, surge a Escola
Básica 2/3 Gonçalo Nunes, em Barcelos, que é atualmente frequentada por
750 alunos, do 5.º ao 9.º ano.
"Foram feitas intervenções parciais nos passadiços de acesso aos
pavilhões, mas o pavilhão gimnodesportivo, por exemplo, ainda tem os
telhados de amianto", contou à Lusa Cassiano Silva, adjunto do diretor
do estabelecimento de ensino.
Também existem escolas com o problema resolvido, como a Escola
Secundária com 3º ciclo Adolfo Portela, em Águeda, ou o Agrupamento da
Batalha.
Além dos 52 casos urgentes do MEC, Filinto Lima lembrou todos os
outros estabelecimentos que ainda têm estruturas de fibrocimento. A
escola qur dirige, por exemplo, foi uma das intervencionadas, “mas ficou
metade por fazer”.
Segundo o responsável da ANDAEP, o orçamento disponibilizado pelo MEC
(27 mil euros) não era suficiente para substituir todas as telhas e,
por isso, foram mudadas apenas as mais degradadas: "Agora temos zonas
com telhados novos e zonas que ainda têm placas de fibrocimento. Optámos
por mudar as que estavam mais velhas”, explicou, garantindo que esta
situação "mista se repete em muitos outros sítios".
Além das escolas a cargo do MEC, existem ainda os estabelecimentos de ensino do 1.º ciclo da responsabilidade das autarquias.
Só na Maia, por exemplo, Filinto Lima diz que a câmara municipal já
se comprometeu a acabar com os telhados de fibrocimento das cerca de 100
escolas até ao final do ano letivo.
Até lá, as associações de pais vão tentando chamar a atenção dos
governantes. O presidente da Federação Regional das Associações de Pais
de Viseu (Frapviseu), Rui Martins, alertou para o caso da escola
primária da Ribeira, que “tem mais de 400 alunos e telhados de
fibrocimento, apesar de andar há vários anos a pedir obras".
A Lusa contactou o MEC para saber qual o ponto de situação das 52 escolas prioritárias, mas até ao momento não obteve resposta.
* Dizem as más línguas que os neurónios do sr ministro estão revestidos com amianto, que adquiriu enquanto estudante, nas escolas por onde passou, por isso está renitente em retirar o amianto das coberturas.
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