16/12/2013

NUNO SANTOS

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O consumo da 
"nova" televisão

Um estudo divulgado esta semana pela Netflix nos Estados Unidos dá conta de que mais de 60% dos espectadores veem televisao online de forma maciça (binge watching). O padrão de comportamento não é exatamente uma novidade, confirma, antes, uma tendência já detetada em trabalhos universitários nos últimos anos.

A Netflix trabalhou com o antropólogo cultural Grant McCraken que acompanhou o estudo nas salas de estar ou noutros locais com acesso ao computador ou ao tablet, que são basicamente todos. O principal argumento usado pelos consumidores é o "controlo do que estão a ver e quando estão a ver", sendo que a maioria também revelou "preferir ter à sua disposição uma temporada inteira de uma determinada série do que esperar, como acontecia no passado, pelo ritmo semanal dos episódios".

 Este estudo devolveu-me, por instantes, à realidade portuguesa, onde existem, pelo menos, dois factos que ou despertaram a minha memória ou merecem reflexão. O primeiro é a sofisticação dos equipamentos das nossas operadoras de televisão paga - em particular ZON e MEO - que têm um conjunto de mecanismos que permitem já hoje ao espectador criar, de facto, a sua própria grelha.

Não se trata de uma realidade exclusivamente portuguesa, mas é bom sublinhar que Portugal esta muito dedesenvolvido do ponto de vista tecnológico e que apresenta serviços que encontramos em poucos sítios do planeta. O outro caso acompanhei-o de perto e foi o que se chama um sucesso de audiências. Há talvez cinco ou seis anos a RTP2, na altura liderada por Jorge Wemans e Bruno Santos (um hoje na prateleira e outro na TVI) programou verdadeiras maratonas da série 24. Eram fins de semana inteiros que permitiam ver toda a temporada num único fôlego.

O que a Netflix constatou agora com o seu estudo verificou-se nessa altura. Sobre a Netflix vale ainda a pena dizer que na América o seu papel na transformação do consumo de televisão foi significativo e que está a alargar a sua influência. Em breve estará em Espanha e muito provavelmente a seguir em Portugal.

1918-Forever
Acompanhar as cerimónias do adeus a Mandela foi um raro privilégio. A mobilização de meios dos canais de televisão nacionais e internacionais, o número de equipas operacionais e de jornalistas, deram a este acontecimento um carácter global sem precedentes na história. A partida de Mandela foi também um momento de exceção para o jornalismo com notáveis peças incluindo as dos enviados portugueses. Pela sua simplicidade, encontrei no Star sul-africano a mais bela despedida. Numa página inteira de fundo negro lia-se: Nelson Mandela - 1918-Forever.

Um país adiado
Longe da televisão portuguesa, não sei como tratou a RTP o caso dos refugiados sírios (?) que nos apareceram de surpresa em Lisboa. Acredito que tenha tratado o melhor possível fazendo jornalismo, como, aliás, é marca da empresa. Isso terá acontecido nas redações em Lisboa e no Porto e também na Delegação em Bissau, onde os profissionais locais se esforçam diariamente para produzir um trabalho digno que consiga refletir um país sem ponta por onde se lhe pegue. Resolver Bissau é um problema para Portugal e, noutro plano, para a RTP.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
15/12/13

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