.
.
HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
Mania de pesquisar doenças
na net já tem nome
Cibercondria, ou 'Dr. Google',
é a hipocondria da era digital.
Quem nunca usou a Internet para investigar a respeito
de um problema de saúde, escrevendo nos motores de busca os sintomas
que sente? Nos EUA este fenómeno chama-se 'Dr. Google', mas isso pode
trazer complicações.
Se
a hipocondria, crença infundada de que sintomas comuns podem indicar
uma doença mais grave, já criava problemas significativos nos pacientes e
aos profissionais de saúde, agora, a chamada cibercondria – hipocondria
na era digital – veio acrescentar ainda mais dificuldades.
Indivíduos
cibercondríacos podem sofrer de mais crises de stress, o que pode piorar
o seu estado geral de saúde.
“Acontece cada vez com mais frequência as pessoas
irem ao médico já depois de terem pesquisado os sintomas na Internet.
Nós queremos doentes informados, mas isso acaba por ser mais um problema
do que uma solução” – comenta o médico Jorge Roque Cunha, do centro de
Saúde de Camarate.
Procurar essas
informações pode tornar-se num verdadeiro pesadelo. Para aqueles que são
mais ansiosos por natureza e que já sofrem muito com a hipocondria, o
acesso a centenas de informações pode acarretar ainda mais adversidades.
“A
quantidade não quer dizer qualidade. Como não existem sites de saúde
validados em termos técnicos há muita desinformação”, conclui o médico
português.
O EFEITO 'DR. GOOGLE'
Um
estudo feito na Universidade de Baylor, nos EUA, foi um dos primeiros
a desenhar um retrato mais claro desse comportamento. Publicado no
'Cyberpsychology, Behavior and Social Networking', o trabalho descreve
os gatilhos que levam uma pessoa a desenvolver cibercondria.
Como
as pessoas ansiosas já apresentam uma maior dificuldade para lidar com
temas que ainda lhes são incertos, a pesquisa na Internet visa apaziguar
a sua ansiedade pessoal, pois sem estas informações, dificilmente
conseguiriam ‘desligar’ do problema.
O
que acontece é que na tentativa de se informar mais sobre a doença,
deparam-se com algumas centenas (ou milhares) de explicações,
desenvolvendo ainda mais ansiedade e criando, desta forma, uma
verdadeira bola de neve. Graças ao ‘Dr. Google’ – como foi batizado nos
EUA – uma simples tosse pode tornar-se numa doença grave.
Outro
problema que aumenta expressivamente os níveis de ansiedade destes
pacientes é quando descobrem sintomas que são conflituosos, ou seja,
quando aparecem em mais de um tipo de doença, gerando ainda mais
angústia pessoal.
Se considerarmos que
aproximadamente oito em cada dez pessoas com acesso à Internet pesquisam
informações sobre doenças online – dizem dados americanos –, é possível
que boa parte da população seja candidata a desenvolver a cibercondria.
VONTADE DE SABER O QUE O DESTINO LHES RESERVA
Na
pesquisa americana, feita com mais de 500 indivíduos, com uma média de
idade de 30 anos e de ambos os sexos, algo comum entre eles era o facto
de que a maioria afirmava ter necessidade imperativa de saber o que “o
destino lhes reservava”. A maioria passava muito tempo do seu dia a
pensar sobre a própria saúde, quando comparado com aqueles que não
usavam a Internet para tais fins.
Sabe-se
que cada indivíduo tem um filtro pessoal de interpretação da realidade
e, para os que acreditam firmemente ter algum problema, os piores
prognósticos possivelmente serão os que se tornarão mais
representativos: ainda que estes pacientes encontrem 90 artigos que
relatem um bom prognóstico da ‘doença’, é provável que apenas aqueles
dez artigos que são mais negativos sejam os valorizados pelos
‘pacientes’.
Certo é que os
profissionais de saúde acabam por encontrar alguns pacientes que sabem
mais das suas patologias do que eles mesmos, que estudaram anos para
isso, o que dificulta a criação de um bom vínculo de confiança entre
profissional e paciente.
* Não é verdade que existam profissionais de saúde que saibam menos que hipotéticos "licenciados" na Net.
A falta de saúde fragiliza as pessoas e em Portugal até já tivemos a moda das pulseiras milagrosas, a notícia de que o óleo alimentar é que era bom, em detrimento do azeite e até para os muito preguiçosos e indolentes mentais foram inventadas camas de ginástica passiva.
Agora, ser "licenciado" em saúde pela Net dá classe.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário