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HOJE NO
" JORNAL DE NOTÍCIAS"
Uma em cada dez famílias inquiridas
pela Deco vive em "pobreza real"
Uma em cada dez famílias inquiridas num estudo da Deco vive em "pobreza
real", sem possibilidades de pagar a renda da casa, as contas da água e
luz, o crédito automóvel ou tratamentos médicos essenciais.
O inquérito, publicado na edição de novembro da revista "Proteste", revela que 38% das famílias portuguesas chegam ao fim do mês com um saldo negativo de cerca de 300 euros.
"Num país acossado por um resgate financeiro, incerto sobre o seu
futuro, a conviver diariamente com a presença do Fundo Monetário
Internacional, a braços com cortes salariais inéditos em décadas e a
assistir a uma vaga de emigração persistente, os portugueses acusam os
sintomas de uma crise que tarda em abrandar", sublinha o estudo.
O estudo foi realizado em Espanha, Itália e Bélgica e visou conhecer os
hábitos e as dificuldades das famílias com despesas básicas (prestação
da casa, alimentação, cuidados de saúde e educação) e analisar o impacto
da conjuntura económico-financeira na qualidade de vida.
Para realizar o estudo, a associação de defesa do consumidor enviou
questionários pelo correio e por e-mail a uma amostra aleatória da
população, tendo recolhido 2230 inquéritos válidos em abril e maio.
Dos países que participaram no estudo, Portugal é o que apresenta os rendimentos mais baixos. O rendimento médio mensal por agregado varia entre os 1428 euros em Portugal e os 2819 euros na Bélgica.
A pobreza real afeta cerca de 12% das famílias portuguesas, um número
três vezes maior ao da Bélgica (4%) e um pouco abaixo ao da Espanha
(15%).
Um terço das famílias vive com menos de 1000 euros mensais, enquanto um em cada quatro lares vive com mais de 1750 euros.
Os números denunciam um "fosso colossal": 5% da população mais rica
ganha, em média, 12 vezes mais do que os 5% da população mais pobre.
Lisboa e Vale do Tejo surge como a zona onde o rendimento per capita é
mais elevado. A pobreza é "mais acentuada" no Norte (15%) e no Alentejo
(16%).
Quase 70% dos inquiridos disseram que a sua situação financeira "piorou bastante" ao longo do último ano.
O poder de compra baixou e, para a grande maioria das famílias com a
"corda na garganta", a primeira medida é cortar nas despesas com lazer
ou entretenimento. "Uma semana de férias fora de casa é uma ideia
proibida para quase metade das famílias por ser uma despesa
incomportável", refere o estudo.
Desde o início de 2012, num quarto dos lares portugueses, pelo menos, um dos seus membros perdeu o emprego.
O pessimismo face ao futuro levou 30% dos inquiridos a manifestarem
receio de que alguém no agregado possa perder o emprego no próximo ano,
sendo emigrar uma hipótese "seriamente considerada" por cerca de 20% das
famílias inquiridas.
Uma das consequências de situações financeiras dramáticas é a perda de
casa e do carro por impossibilidade de pagamento, mas também o abandono
escolar ou o impedimento de prosseguir um curso superior.
Devido a dívidas, há famílias a confrontarem-se com bens confiscados,
contas bancárias canceladas e ainda o salário parcialmente penhorado.
Segundo a Deco, uma das saídas para a situação de endividamento é a negociação com os bancos.
Entre as famílias que o fizeram, 35% conseguiram prolongar o prazo de
pagamento. Porém, a solução para 10% dos inquiridos foi a contratação de
outro crédito para pagar as dívidas, "caminho que pode agravar as
dificuldades económicas do endividado".
* Os açougueiros do governo comem-nos a carne toda e entregam os ossos aos abutres da troika.
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