HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Primeiro 5 de outubro sem feriado regressa
ao salão nobre da Câmara de Lisboa
O feriado de 5 de outubro foi eliminado no ano passado em conjunto com os feriados da Restauração da Independência (1 de dezembro), e os feriados religiosos de Corpo de Deus (60 dias após a Páscoa) e do Dia de Todos os Santos (1 de novembro).
A implantação da República será comemorada pela primeira vez desde
que o 5 de outubro deixou de ser feriado, com as comemorações oficiais a
prosseguirem na Câmara de Lisboa, regressando ao salão nobre dos Paços
de Concelho.
O feriado de 5 de outubro foi eliminado através da aprovação de um
novo Código do Trabalho, a 11 de maio do ano passado, em conjunto com os
feriados da Restauração da Independência (1 de Dezembro), e os feriados
religiosos de Corpo de Deus (60 dias após a Páscoa) e do Dia de Todos
os Santos (1 de novembro).
A aprovação do Código do Trabalho na Assembleia da República não foi
pacífica entre os diferentes grupos parlamentares, incluindo os da
maioria PSD/CDS-PP, e a questão dos feriados não esteve fora da
discussão.
Ainda antes da votação final global da proposta do Governo, o
deputado Pedro Delgado Alves, então líder da JS, pediu a palavra para
"recomendar" a "retirada da estátua da República do plenário uma vez que
esta assembleia a não respeita", intervenção que recebeu o aplauso das
bancadas da esquerda.
Pedro Delgado Alves foi um dos nove deputados do PS que violaram a
disciplina imposta pela direção do grupo parlamentar, no sentido da
abstenção, e votaram contra o Código do Trabalho, não tendo a questão
dos feriados sido a única apontada pelos parlamentares rebeldes.
No 5 de Outubro do ano passado, o secretário-geral do PS, António
José Seguro, disse que quando for primeiro-ministro fará do dia da
implantação da República feriado novamente.
"Quero anunciar ao país que, quando merecer a confiança dos
portugueses para governar Portugal, tomarei a decisão de fazer com que o
dia 05 de Outubro, dia da República, volte a ser feriado nacional",
afirmou.
Apesar de ser o 1º de Dezembro que mais o moveu, o deputado centrista
Ribeiro e Castro votou contra o Código do Trabalho precisamente por se
opor à eliminação dos feriados, chegando a sugerir que teria problemas
de constitucionalidade, mas o Tribunal Constitucional veio a declarar
este aspeto do Código do Trabalho conforme à Lei da Fundamental.
Os deputados do CDS-PP João Almeida, Telmo Correia e José Manuel
Rodrigues defenderam, por seu turno, numa declaração de voto, que a
eliminação dos feriados deve ser "temporária", discordando, em qualquer
circunstância, do fim do 1º de Dezembro, e preconizando antes
"mobilidade" para eliminação de "pontes".
Os deputados centristas disseram explicitamente que apenas votaram
favoravelmente a eliminação dos feriados incluída da revisão do Código
do Trabalho por "razões de disciplina de voto, respeitando o programa de
governo, o memorando de entendimento e o acordo tripartido estabelecido
em sede de concertação social".
Este ano, no primeiro 5 de Outubro que não será feriado, os discursos
oficiais ao salão nobre dos Paços do Concelho, Lisboa, o que não
acontecia desde 2005, antes do Presidente da República ter aberto as
celebrações ao público na Praça do Município.
Segundo o alinhamento das celebrações, os discursos do presidente da
Câmara da capital, António Costa (PS) e do Presidente da República,
Cavaco
Silva, serão no salão nobre, depois do tradicional hastear da bandeira
nacional pelo Chefe de Estado na varanda da Câmara de Lisboa, onde foi
proclamada a República em 1910.
No ano passado, quando as comemorações foram ensombradas pela imagem
da bandeira nacional a ser hasteada ao contrário, os atos oficiais
dividiram-se entre a Câmara de Lisboa e, pela primeira vez, o Pátio da
Galé, onde decorreram os discursos.
* Só um governo pindérico é que acaba o feriado comemorativo do dia da implantação do regime em que vivemos, aguardamos esperançados que um novo governo, brevemente, reponha a verdade da história.
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