HOJE NO
" PÚBLICO"
Edite Estrela repudia “mobilização
de forças” contra relatório sobre
direitos reprodutivos
O Parlamento Europeu decidiu nesta terça-feira adiar a votação de um
relatório de Edite Estrela sobre direitos sexuais e reprodutivos das
mulheres, tendo a eurodeputada socialista lamentado o que classificou
como uma "mobilização de forças de direita e extrema-direita".
Na sequência de uma
acalorada discussão no hemiciclo, uma maioria das bancadas decidiu
reenviar o documento para a comissão parlamentar de Direitos da Mulher e
Igualdade de Género, para nova apreciação, adiando assim a votação
prevista para esta terça-feira em Estrasburgo (França), durante a sessão
plenária.
Em causa está um relatório, com cariz não vinculativo,
elaborado por Edite Estrela, que tinha o apoio das bancadas dos
Socialistas Europeus e ainda Liberais, Verdes e Grupo da Esquerda
Unitária, mas que suscitou um coro de críticas das bancadas mais
conservadoras, por defender designadamente a legalização da interrupção
voluntária da gravidez nos sistemas de saúde pública dos Estados-membros
e a obrigatoriedade de educação sexual nas escolas, entre outros
pontos.
"Eu lamento esta posição, de desrespeito pela votação que
tinha havido na comissão competente, que é a comissão dos Direitos da
Mulher e Igualdade de Género, onde o meu relatório foi aprovado com 17
votos a favor, sete votos contra e sete abstenções", comentou à saída do
hemiciclo a líder da delegação do PS ao Parlamento Europeu.
Atribuindo
o adiamento da votação a uma "aliança da direita com a extrema-direita,
com a cumplicidade do Partido Popular Europeu, e, lamentavelmente,
também de alguns (deputados) portugueses", Edite Estrela considerou que,
além de tudo o mais, o adiamento "não faz nenhum sentido", pois a
comissão parlamentar deverá voltar a votar no mesmo sentido, pelo que o
relatório terá de ser votado em plenário mais cedo ou mais tarde.
Segundo
a deputada, que chegou a ser apupada e interrompida no hemiciclo quando
pediu a palavra, "houve aqui uma grande mobilização das forças mais
conservadoras, dentro e fora do Parlamento", lamentando que nos últimos
dias tenha havido uma grande quantidade de mensagens de correio
electrónico a circular, apelando ao voto contra e distorcendo o conteúdo
do relatório.
"Recorreram a todos os meios para que este
relatório não fosse aprovado. É preciso saber que são forças que se
estão a mobilizar: mobilizaram-se em França, e estão a mobilizar-se em
vários países, para que haja retrocessos na legislação", disse,
acrescentando que o que aconteceu hoje no hemiciclo é uma prova de que é
importante a participação nas eleições europeias.
"Apelo aos
cidadãos esclarecidos e progressistas que não se abstenham e que votem,
porque o que se decide no Parlamento Europeu tem consequências ao nível
da legislação nacional e da vida de cada pessoa", disse, sustentando que
é importante "votar em quem os representa", em vez de deixar espaço a
forças de direita e extrema-direita, cujo propósito, muitas vezes, é
"apenas boicotar o trabalho sério que é feito".
* Esquerda e direita são conceitos a cheirar a velho, qualquer projecto que combata a desigualdade e promova a informação será sempre alvo de obstáculos, são os "donos do dinheiro" que se opõem através dos seus cães de fila no PE, alguém que os procure e anule.
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