HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Detectadas falhas "graves" na Maternidade Alfredo da Costa
A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) detectou falhas "graves" nas instalações e no funcionamento da Maternidade Alfredo da Costa (MAC) que "violam os padrões de qualidade e segurança exigíveis" e deu 30 dias para que sejam aplicadas várias medidas.
O parecer final da ERS - concluído há pouco mais de uma semana -, a
que a agência Lusa teve hoje acesso, resulta da fiscalização realizada
em agosto à MAC, para averiguar duas situações: a morte de uma mãe e dos
gémeos e a transferência de outra grávida para o Hospital de Santa
Maria, onde o bebé morreu com dois dias de vida. Ambos os casos estão
sob investigação.
"Face à complexidade e ao risco clínico crescente das grávidas que
têm vindo a ser admitidas e internadas na MAC, devem ser adotadas
medidas conducentes à sua adequada referenciação, de modo a que possam
ser-lhes prestados os cuidados de saúde da máxima qualidade e acautelada
a sua segurança", frisa o documento, que foi enviado ao Ministério da
Saúde e à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.
O Conselho Diretivo da ERS deliberou que o Centro Hospitalar de
Lisboa Central (CHLC) - ao qual pertence a MAC -, implemente, no prazo
máximo de 30 dias, as medidas necessárias à "correção das lacunas graves
constatadas" e à "eliminação do acréscimo de risco atualmente
verificado", deixando duas alternativas.
"Seja pelas correções das deficiências detetadas, seja pela
deslocação das utentes, atuais e futuras, para outros estabelecimentos
do Serviço Nacional de Saúde que garantam as condições de acessibilidade
e padrões de qualidade adequados", sustenta o parecer da ERS.
Para o organismo, o edifício da MAC "apresentam um número elevado de
barreiras arquitetónicas, que limitam o imediato socorro às doentes",
além de referir que "parte das instalações põe em causa a segurança das
utentes", como é o caso da "ausência de rampas de oxigénio nas
enfermarias".
O CHLC reconhece os dois problemas, mas argumenta que a obra custa
200 mil euros e que estaria sujeita a autorização prévia da tutela.
Além disso, recorda que a decisão do Tribunal Administrativo de
Lisboa, que suspende o encerramento da maternidade - o Ministério da
Saúde recorreu -, impede a MAC de "alterar lotações praticadas abaixo de
determinado número".
Segundo a ERS, "os óbices financeiros apresentados, não podem
sobrepesar sobre tais bens superiores [prestação dos cuidados
clínicos]". Nesse sentido, deliberou que a MAC faça as obras assim que a
questão judicial "temporária" esteja ultrapassada. Até lá, a
maternidade tem de "disponibilizar oxigénio nas enfermarias, mediante a
colocação de balas de oxigénio".
Durante a ação de fiscalização, foi "facilmente percetível o
desconhecimento de alguns procedimentos exigíveis em situações de doença
grave, por parte de alguns profissionais da MAC", a que acresce,
segundo a ERS, a "inexistência de suporte informativo, nomeadamente no
que se refere aos algoritmos universais de suporte de vida avançado".
A "localização inadequada do carro de emergência e respetivo
desfibrilhador", a "inexistência de uma equipa de emergência interna,
potenciando conflitos de decisões e atuações", a "ausência de uma
organização coordenada, podendo limitar de forma danosa a prestação de
cuidados a doentes críticos", e a "falta de sinalética com indicação de
número de emergência e de algoritmos de reanimação", são outras das
falhas apontadas pelos inspetores da
ERS.
"Face ao exposto, o número e natureza dos factos verificados [na
MAC], violam os padrões de qualidade e segurança exigíveis [..], e,
consequentemente, os direitos e interesses legítimos dos utentes,
potenciando o risco clínico na prestação de cuidados de saúde a doentes
graves", alerta o documento.
* Uma triste novidade para quem pensava como nós que a MAC exibia elevados padrões de qualidade quer em acessibilidades, equipamento e recursos humanos.
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