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Hospitais de Setúbal e Barreiro/Montijo com "múltiplas anomalias" nas urgências
Relatório do Conselho Distrital de Setúbal da Ordem dos Médicos avalia funcionamento dos hospitais locais.
O Conselho Distrital de Setúbal da Ordem dos Médicos
disse esta terça-feira que as urgências dos Centros Hospitalares de
Setúbal e do Barreiro/Montijo apresentam "múltiplas anomalias no
funcionamento", referindo que se trata de uma situação "muito grave".
Num
relatório a que a agência Lusa teve acesso, o Conselho Distrital de
Setúbal da Ordem dos Médicos explica que efetuou visitas aos dois
centros hospitalares durante o período noturno do seu funcionamento para
avaliar o serviço.
"Ficou demonstrada a
existência de uma completa sobrelotação das estruturas disponíveis para
acolher os doentes, quer em ambulatório, quer sobretudo no internamento,
sendo esta situação mais premente no Centro Hospitalar
Barreiro/Montijo", refere o documento.
O relatório
considera ainda que foi notada uma "dificuldade de transferência dos
doentes crónicos dos serviços de urgência para os respetivos serviços de
acolhimento", com casos de espera prolongada na sala de observações e
que se regista a ausência, em ambos os Centros Hospitalares, de
especialistas de diversas valências médico-cirúrgicas.
"No
momento da visita constatámos a completa ausência de especialistas de
diversas valências, como por exemplo Urologia, Otorrinolaringologia,
Oftalmologia, Psiquiatria e Cirurgia Plástica e Reconstrutiva, o que
implica a transferência de todos os doentes com patologia urgente destes
foros para Lisboa", salienta.
O documento
acrescenta que os doentes do foro psiquiátrico, no Centro Hospitalar de
Setúbal, que entram à sexta-feira depois das 20h00 "ficam sem qualquer
tratamento especializado até às 9h00 de segunda-feira".
O
Conselho Distrital considera que as anomalias registadas configuram uma
"situação muito grave, de que resultam consequências nefastas quer para
a totalidade dos profissionais envolvidos quer para os utentes".
"Ficou
demonstrada a insuficiência de recursos humanos para a constituição de
equipas de trabalho minimamente suficientes, em particular na Cirurgia
Geral. A sobrelotação e a permanência prolongada dos doentes em Sala de
Observação põem em causa a capacidade de prestação de cuidados, quer
médicos, quer de enfermagem, e violam os mais elementares direitos",
frisa.
A ordem concluiu que a Reforma Organizativa
dos Serviços de Urgência "parece antes ser uma desorganização estudada e
planeada com base em critérios economicistas".
A
agência Lusa contactou as administrações dos Centros Hospitalares de
Setúbal e do Barreiro/Montijo, mas até ao final da tarde não foi
possível obter esclarecimentos.
* São dois centros hospitalares que servem centenas de milhares de pessoas, é injusto.
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