HOJE NO
" JORNAL DE NOTÍCIAS"
Médicos poderão ser proibidos de
usar anéis, pulseiras ou gravatas
O governo admite
proibir os médicos de usarem anéis, pulseiras, alianças ou gravatas, no
âmbito do combate às infeções e resistências aos antibióticos, dada a
gravidade e dimensão do problema em Portugal.
Há um conjunto
de instrumentos - anéis, pulseiras, alianças - que "sabemos que são
potenciais veículos de transmissão", com os quais "as minhas colegas
insistem, muito alindadas, em ir trabalhar", disse o secretário de
Estado e Adjunto da Saúde durante a apresentação de um relatório sobre
infeções e resistência aos antimicrobianos.
Segundo Fernando Leal
da Costa, médico de formação, os riscos estão ainda associados à
"gravata nos cavalheiros [médicos], os estetoscópios que se insiste em
transportar por todo o lado, as batas com que se almoça e janta nos
refeitórios e com que, a seguir, se veem doentes".
Questionado
sobre a intenção de proibir esta indumentária nos serviços de saúde,
Fernando Leal da Costa mostrou-se convicto de que tal não será
necessário, mas deixa um aviso: "Não teremos dificuldade em fazê-lo".
Para
o secretário de Estado, devem ser os conselhos de administração a criar
medidas e a promover "uma cultura pró-ativa que envolva todos os
profissionais, no sentido destes terem instituições limpas".
E lembrou que os níveis de infeção hospitalar já influenciam nos orçamentos das instituições.
"Isto
não se resolve só com a cenoura, também não se resolve só com a
chibata. Temos de fazer um equilíbrio, de forma a que a pessoa que está
entre a cenoura e a chibata sinta a vontade de fazer melhor", disse.
Fernando
Leal da Costa assumiu a gravidade das infeções e resistência aos
antimicrobianos em Portugal, embora reconheça que, em alguns casos, a
situação melhorou.
No conjunto de bactérias que constitui
particular preocupação em termos de aquisição de resistência a
antimicrobianos, "Portugal apresenta uma crescente taxa de resistência
do Staphylococcus aureus à meticilina, sendo nesta altura o país europeu
com mais elevada taxa".
De acordo com o relatório do Programa de
Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos,
da Direção Geral da Saúde (DGS), Portugal é também um dos países
europeus com elevada taxa de resistência do Enterococcus faecium à
vancomicina.
Outro dado preocupante que consta do documento
refere-se ao aparecimento de Enterobacteriaceae resistentes a
carbapenemes, antibióticos de mais largo espetro: em estudos de
incidência essa taxa é ainda inferior a um por cento em Portugal.
Os autores do documento alertam para o facto de os antibióticos estarem "em risco de extinção".
"A
crescente taxa de resistência dos microrganismos, associada ao
decréscimo da síntese e desenvolvimento de novas classes de
antimicrobianos leva a que o antibiótico, menos de cem anos após a
descoberta da penicilina e após ter contribuído para um marcado aumento
da esperança de vida média, esteja em risco de perda de eficácia", lê-se
no relatório.
* Uma enormíssima percentagem dos profissionais de saúde são gente muito asseada e cuidadosa com a sua higiene pessoal. Facto é que os adereços que a notícia discrimina podem ser transportadores de vírus, as batas que passam por refeitórios, cafés e outras lojas nos hospitais também são, mas as roupas pessoais não estão imúnes, como é, passam a andar nús, e a pele???
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