HOJE NO
"PÚBLICO"
Fugas de informação causam
mal-estar no CDS e PSD
A notícia divulgada no domingo sobre o corte de pensões de
sobrevivência provocou mal-estar no CDS, depois de Paulo Portas não ter
referido a medida na conferência de imprensa quatro dias antes, e está
de novo a causar tensão na maioria.
Ao que o PÚBLICO apurou, o
vice-primeiro-ministro não esperava uma fuga de informação, como
aconteceu na TSF, no domingo, sobre a medida cujos contornos, segundo os
centristas, não estavam ainda definidos, apesar de já estar acordada
com a troika na oitava e nona avaliações. Ainda para mais porque no CDS se acredita que a fuga de informação veio do Ministério das Finanças.
A
notícia de domingo pôs em xeque a palavra do vice-primeiro-ministro,
que não fez referência a qualquer corte de pensões de sobrevivência na
conferência de imprensa da passada quinta-feira, ao lado da ministra das
Finanças, Maria Luís Albuquerque, e do secretário de Estado de
acompanhamento das medidas da troika, Carlos Moedas.
Paulo
Portas referiu apenas que haveria “pequenas e médias poupanças” para o
Estado, mas não adiantou mais medidas para lá das que já eram
conhecidas. Por outro lado, referiu o corte nas rendas excessivas na
energia, medida que parece ter surpreendido a própria ministra, que
estava ao seu lado.
No plenário de quarta-feira, durante as
declarações políticas, PCP e BE confrontaram a maioria, sobretudo o CDS,
com o corte nas pensões de sobrevivência e com a atitude de Paulo
Portas. Só o deputado João Almeida se levantou para defender o partido,
o PSD ficou em silêncio. O incómodo foi indisfarçável.
Esta quinta-feira, mais uma fuga de informação levou o CDS a reagir. Segundo o Diário Económico, a ministra das Finanças quer avançar com uma proposta de corte de 15% das subvenções vitalícias dos titulares de cargos políticos.
João
Almeida, que é porta-voz do partido, veio fazer uma proposta mais
radical: a suspensão total das subvenções. Disse falar a título pessoal,
mas apontou o alvo à proposta de Maria Luís Albuquerque.
“Numa
altura em que se pedem tantos esforços a muitos portugueses, muitos
portugueses que têm rendimentos baixos, em que esse esforço é necessário
para a consolidação das contas públicas, não faz sentido que o que se
peça aos ex-políticos seja apenas um esforço de 15%”, afirmou João
Almeida, que é também vice-presidente da bancada.
O desencontro
entre o PSD e o CDS foi assinalado pelo BE. Pedro Filipe Soares, líder
parlamentar, relembrou que (tal como o PCP) o partido sempre foi contra a
atribuição deste tipo de subvenções. E votou a favor em 2005, quando a
lei foi revogada, enquanto o CDS se absteve. “Curioso é que o CDS
aparece agora com uma posição radical, de puro ilusionismo, naquela que
tem sido uma semana de terror para o CDS”, afirmou, referindo-se à
“falta de palavra do líder” e ao facto de “ter ficado na mão do PSD”
ontem no plenário.
Ao propor a suspensão total das subvenções
vitalícias dos políticos, o CDS “está a tentar tapar outra medida
draconiana”, acusou o bloquista, referindo-se aos cortes nas pensões. Já
sobre os cortes nos salários dos funcionários públicos, Pedro Filipe
Soares desafiou o líder do CDS a dizer o que vai fazer, "sob pena de a
sua palavra, que já pouco vale, passe a valer lixo".
Montenegro nega problemas entre bancadas do PSD e CDS
À
entrada para a reunião da bancada do PSD - que hoje conta com Passos
Coelho -, o líder do grupo parlamentar negou qualquer mal estar no
Parlamento entre os dois partidos da maioria. "Isso é uma invenção, não
há qualquer problema, há uma articulação total entre bancadas", afirmou
Luís Montenegro, desvalorizando ainda o facto de a reunião ser apenas
com os deputados do PSD.
Segundo Luís Montenegro, a reunião com a
bancada não é sobre o Orçamento do Estado, mas sim a análise da
situação política. Lembrando que Passos Coelho vem acompanhado do
presidente da comissão permanente do partido, o líder da bancada do PSD
considerou que o encontro é realizado com "total normalidade".
* Estes dois partidos não se entendem porque a ambição dos líderes e sequazes é desmedida, cada partido puxa a corda, o povo português, para o seu lado até esquartejar o último dos cidadãos.
Bem-haja à comunicação social que denuncia as manigâncias.
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