HOJE NO
" JORNAL DE NEGÓCIOS"
Famílias pagam 60% do esforço
de austeridade em 2014
Poupanças com máquina do Estado, subsídios e investimento representam um quarto do esforço de consolidação
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As famílias portuguesas vão pagar a
maior fatia do esforço de consolidação orçamental exigido pelo Governo
no Orçamento do Estado para 2014. Entre medidas de corte nas despesas
com pessoal, pensões, prestações sociais e aumentos de impostos e
contribuições sociais, as famílias deverão ser obrigadas a absorver
2.230 milhões líquidos do pacote total de 3.901 milhões de euros.
O maior contributo é dado pelos funcionários públicos, com um
conjunto de medidas que representarão uma poupança bruta de 1.320
milhões de euros. A de maior dimensão diz respeito aos cortes salariais
impostos com a nova tabela de remunerações (643 milhões). Os
pensionistas e outros beneficiários de apoios sociais surgem a seguir,
contribuindo com 1.231 milhões de euros (891 milhões líquidos),
essencialmente devido ao impacto da convergência da fórmula de cálculo
das pensões da Caixa Geral de Aposentações (CGA) com as da Segurança
Social.
Estas duas rubricas - despesas com pessoal e pensões e prestações
sociais - têm um impacto bruto de 2.551 milhões de euros. Contando com a
não acumulação da convergência da CGA-Segurança Social com a CES, bem
como a perda de receita fiscal e de contribuições provocada pelos cortes
nos salários e nas pensões, o impacto líquido dessas duas rubricas são
1.752 milhões líquidos.
O último vector da nova austeridade que irá tocar nas famílias
inclui impostos e o agravamento de contribuições. Na análise a estes
grandes agregados - e à falta de informação mais detalhada no OE -
considera-se que a grande maioria dos 578 milhões de euros inscritos
nesta rubrica incidirá sobre as famílias. A alteração das contribuições
para ADSE, SAD e ADM permitirá ao Governo arrecadar 132 milhões.
Estado contribui com um quarto da austeridade do próximo ano
Entre
consumos intermédios, subsídios e redução do investimento, o esforço do
Estado neste OE ascende a 952 milhões de euros. Ou seja, cerca de 24%
do pacote de consolidação orçamental desenhado pelo Governo. As
principais medidas desta rubrica são mesmo a poupança com a retracção do
investimento público (290 milhões) e a reforma hospitalar (207
milhões).
Por último, as empresas energéticas e o sector bancário
contribuem com 150 milhões de euros. Isto é, 4% do pacote de austeridade
apresentado no OE.
Uma medida muito significativa que não se enquadra em nenhum
destes "alvos do OE" é a alteração à utilização de fundos europeus para o
Emprego e Segurança Social, que reforça em 199 milhões de euros as
receitas de 2014.
Do pacote total de 3.901 milhões de euros, 784 milhões - 20% - corre o risco de vir a ser chumbado pelo Tribunal Constitucional.
Saiba quais são os principais alvos da nova austeridade do OE
As medidas são muitas, mas concentram-se essencialmente nos
funcionários públicos e pensionistas. A dimensão do pacote de
austeridade ascende a 3.901 milhões de euros. O valor bruto é bastante
superior, mas o Executivo admite perder receita e aumentar a despesa
através da não acumulação dos cortes relacionados com a convergência
CGA-Segurança Social com a CES (menos 340 milhões de poupança) e da
quebra e receita fiscal e contribuições, devido aos novos cortes nos
salários, pensões e outros apoios sociais (459 milhões).
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