Bater sempre nos mesmos
A partir do dia 28 de Setembro, por imposição da maioria
PSD/CDS, os/as trabalhadores/as da função pública têm um horário de 40
horas semanais.
Ou seja, para além do aumento de horas de trabalho, vão sofrer uma diminuição real do salário, em 14%.
Para corrigir uma injustiça, relativamente aos trabalhadores do
privado, clamam Passos e Portas. Mas, pergunto: porque é que o
nivelamento é sempre por baixo, quando se trata dos direitos dos
trabalhadores? A verdade é que nas empresas maiores e mais lucrativas,
em Portugal (ANA, EDP ou PT), o horário semanal é inferior a 40 horas.
Esta imposição junta-se ao corte dos subsídios e pensões, diminuição
das prestações sociais, aumento da carga fiscal e empobrecimento geral
da população, para além de um desemprego gigantesco. Tudo, em nome de
uma dívida que este ano exige, só de juros, 7,5 mil milhões de euros e
que, em vez de diminuir, aumenta: é 131% do PIB, há dois anos, era 97%.
Uma dívida impagável que interessa ao PSD e CDS manter, para continuar a
satisfazer as rendas da banca nacional e internacional.
Ora, os/as trabalhadores/as da administração regional, podiam ser poupados a mais este desmando.
Mas a maioria parlamentar e o Governo Regional, porque estão
amarrados ao acordo que fizeram (ainda no tempo de Vítor Gaspar), não
ousam usar a Autonomia para defender os/as trabalhadores/as dos Açores.
Já foi assim, com os subsídios de férias e de natal, com o Código de
Trabalho, com o aumento do salário mínimo regional e é, agora, com mais
este atentado.
O Partido Socialista derrama para cima dos/as trabalhadores/as
Açorianos/as lágrimas de compaixão e aponta o dedo acusador ao PSD e CDS
– o que dá bastante jeito, em vésperas de eleições…
Todos/as nós sabemos que, em matéria de direitos dos trabalhadores,
nunca se conta com o PSD e CDS: estão sempre do outro lado da barricada,
contra quem trabalha.
Contudo, esperava-se do PS/Açores uma postura séria e não a aldrabice
com que querem enganar os/as trabalhadores/as da administração
regional.
A manobra do PS é simples: finge que nada pode fazer, por imperativos
legais. A única solução é pedir que a Assembleia da República autorize o
Parlamento Regional a legislar, para manter as 35 horas.
O resultado é antecipável: PSD e CDS, na República, votam contra,
como é óbvio. Parece a história do ladrão que vai perguntar ao polícia
se pode assaltar a ourivesaria!
É indecorosa esta trapalhada.
Ao PS só cabia assumir as prerrogativas da Autonomia e legislar sobre
a matéria. Quanto ao problema constitucional - visto que há opiniões
para todos os gostos, sobre esta matéria -, deixemos o Tribunal
Constitucional decidir.
É esta a posição que o Bloco de Esquerda vai levar à Assembleia Legislativa dos Açores, já anunciada, em Julho passado.
Mais uma vez o PS/Açores, amarrado ao Memorando regional que assinou
com Vítor Gaspar, não afronta o Governo da República. Não defende os/as
Açorianos/as, nem defende a Autonomia. Prefere fazer jogos de baixa
política, iludindo todos/as, para ganhar uns votinhos.
IN "AÇOREANO ORIENTAL"
20/09/13
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