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11/09/13
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Igualdade, a prioridade
O economista Daniel Bessa, ex-ministro do Partido Socialista,
escreveu na última edição do jornal “Expresso”, a propósito do debate
sobre a reforma do IRC, que “o nosso maior problema, neste momento, não é
a equidade mas o de criar condições de sobrevivência no plano
económico”. Pois eu julgo que um dos nossos maiores problemas é
continuarmos a dar excessivo espaço mediático a economistas que não
perceberam nada sobre o que nos aconteceu, e que não fazem a menor ideia
de como vamos sair da armadilha, de fraco crescimento e dívida elevada,
em que caímos.
Infelizmente, em vez de a comunicação social dar espaço a
uma nova geração de economistas, altamente qualificados, que tem
produzido pensamento económico alternativo de grande qualidade, continua
a dar voz aos mesmos que já andamos a ouvir há demasiados anos, e que
olham para a economia de um país como olham para as suas economias
domésticas.
A elevada desigualdade na distribuição de rendimento
das sociedades contemporâneas foi mesmo uma das principais causas da
actual crise económica, como tão bem explica James K. Galbraith no seu
livro “Inequality and Instability”. E não só a desigualdade está na
origem da crise, como penaliza fortemente o desempenho económico actual e
impede uma recuperação sustentável, como também explica bem o Nobel da
Economia, Joseph Stiglitz, no seu livro “O preço das desigualdades”.
Portanto, ao contrário do que diz Daniel Bessa, a elevada desigualdade
entre os portugueses é mesmo um dos nossos principais problemas. Só
recuperaremos economicamente se dermos prioridade ao seu combate. Aliás,
esta devia ser uma das prioridades permanentes do nosso país. É que
também noutras áreas, como a saúde e a segurança, as sociedades com
maiores níveis de igualdade funcionam melhor.
IN "i"
11/09/13
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