HOJE NO
" DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Só 9 em cada 100 portugueses
acreditam nos partidos
Confiança dos cidadãos nacionais nos partidos atingiu recorde negativo
histórico e já é inferior a metade da média comunitária (19,6%). Crise,
medidas de austeridade e alternância no poder são alguns dos fatores
explicativos da rutura.
Se até aqui o assunto era
maioritariamente abordado por teóricos ou estudiosos de ciência
política, agora os números demonstram-no de forma inequívoca: nunca a
confiança dos portugueses nos partidos esteve num nível tão baixo. Em
cada 100, apenas nove cidadãos nacionais afirmam acreditar naquelas
organizações políticas, de acordo com os dados mais recentes divulgados
pelo Eurobarómetro.
Apesar da tendência de queda generalizada dos
últimos cinco anos, 2013 marca a rutura dos eleitores com aqueles que
habitualmente elegem, uma vez que, de novembro de 2012 até maio deste
ano, o valor caiu para metade (de 18 para 9%).
Portugal é, de
resto, o sexto pior estado-membro da União Europeia nesse capítulo,
registando valores que ficam muito aquém da média comunitária, que
atualmente se situa em 19,6%.
Pior do que o nosso País estão
apenas a Grécia - cuja confiança atingiu também um mínimo histórico (4%)
-, a Eslovénia (4%), Espanha (5%) e a Itália (7%) e em igualdade de
circunstâncias só a Lituânia. No plano oposto está Malta (na UE desde
2004), cujo índice atinge 46%.
Ao fenómeno de afastamento da
sociedade civil não serão certamente alheias a crise económica e
financeira (e o consequente resgate financeiro ao nosso País, em 2011) e
a receita de austeridade que tem vindo a ser aplicada nos últimos anos,
bem como os elevados índices de desemprego. Contudo, o politólogo José
Adelino Maltez encontra mais explicações para a cisão: "Existe sobretudo
um problema de cultura política e o que está a acontecer é que os
mesmos partidos que há 20 anos ou há 30 anos tinham a confiança da
opinião pública estão a atingir uma fase de desgaste acentuado pela
hipocrisia programática. Portugal tem uma direita que é
social-democrata, que está no poder, e uma oposição que é
social-democrata ou socialista democrata, mas que, no fundo, subscrevem o
mesmo tipo de ideologia."
Classificando a rotatividade no poder
como "alternância que tem pouco de alternância", Adelino Maltez sustenta
ainda que "os partidos portugueses são habilíssimos a criar grupos de
pressão e de interesse", algo que acontece "tanto nas grandes forças
vivas como nos grandes caciques autárquicos" e que tem originado o
"distanciamento entre o País nominal e o País da realidade".
Talvez
por isso, o politólogo não estranhe a diferença de valores entre os
países do sul da Europa - atualmente com maiores dificuldades
financeiras - e o centro e norte do Velho Continente, mais prósperos,
dado que nos últimos 20 anos tem sido a mesma linha social-democrata "a
ocupar o poder". "Agora - refere - este é claramente uma pergunta, um
desencantamento do homem comum, que está a enviar estes sinais para o
interior do sistema político."
O distanciamento entre os cidadãos
portugueses e europeus dos partidos e das instituições que os
representam é apenas um dos indicadores [ver páginas 5 e 6] que estão
coligidos no Portal de Opinião Pública, cuja coordenação é de Pedro
Magalhães, e que vão a debate já hoje no encontro "Presente no Futuro",
organizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, e que decorrerá no
Liceu Pedro Nunes, em Lisboa.
* Em cada 100 portugueses nove poderão provavelmente militar em partidos, ou ser amigo ou familiar ou "satélite" daqueles.
A corrupção está entranhada na política, só quem "beneficia" dela pode "acreditar" nos políticos.
Para o ano só mesmo os políticos acreditarão nos partidos!
Sem comentários:
Enviar um comentário