14/09/2013

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HOJE NO
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 Maria Luís leva puxão de orelhas à 
conta do défice de 4,5% de Portas

Presidente do Eurogrupo afirmou que é mau sinal Portugal andar a falar em flexibilização do défice na reunião da rentrée dos ministros das Finanças da União Europeia

"É importante que Portugal se mantenha comprometido com os objectivos do défice acordados com a troika. Uma discussão sobre novas metas não é um bom sinal." Lituânia, 13 de Setembro. Primeira reunião depois de férias do Eurogrupo na capital, Vilnius. As palavras são do holandês Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo. Um enorme puxão de orelhas a Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, que ouviu o ralhete sem ter culpas na matéria.


O ausente Paulo Portas, que não participa nestes encontros, é o grande responsável, com as suas palavras de quarta-feira no parlamento, em que admitiu que o défice em 2014 devia subir para de 4% para 4,5%, pela irritação na Comissão Europeia e no Eurogrupo. Novato nas relações com a troika, Portas pode ter estragado a possibilidade de Portugal conseguir na oitava e nona avaliação, que começa segunda-feira, de aliviar o défice cerca de 825 milhões de euros, o dobro do valor que o governo pretendia obter com a chamada TSU dos reformados, a linha vermelha do vice-primeiro-ministro em relação aos cortes nas pensões.

Mas Dijsselbloem disse mais: "O mundo exterior deve perceber que Portugal e o governo português estão comprometidos com o que tem de ser feito e com o que foi acordado, e isso ajudará à saída do programa o mais depressa possível."

Olli Rehn irritado
Também o comissário europeu dos Assuntos Económicos, questionado à entrada da reunião do Eurogrupo sobre uma eventual flexibilização das metas do défice para Portugal, considerou que o país deve cumprir aquilo que está acordado com a troika. "Relativamente à consolidação orçamental, é importante que o país mantenha os seus compromissos e metas."

Segundo o comissário, "é muito importante assegurar que Portugal é bem sucedido no seu ajustamento económico", e é por isso que a zona euro está "a apoiar Portugal nas suas reformas para restaurar a competitividade, com vista a um crescimento sustentável e à criação de emprego, aquilo de que o povo português realmente necessita". Mas ao mesmo tempo, frisou, "é importante manter o rumo de uma consolidação sustentável das finanças públicas".

Maria Luís lamenta ruído
A ministra das Finanças, confrontada com tanta irritação, veio dizer no fim da reunião que é "prematuro" tomar posição sobre uma potencial revisão das metas do défice, também da parte da troika, pois não há qualquer pedido formal do governo.

Maria Luís Albuquerque indicou que esclareceu os parceiros da zona euro sobre um assunto em torno do qual lamentou haver "um grande ruído", adiantando que, "durante a 7.a avaliação tinha havido uma posição do governo português diferente da posição da troika relativamente à meta mais adequada para o ano de 2014". "O que o governo português fez foi lembrar essa posição, sem que no entanto tenha havido qualquer pedido formal neste momento da revisão da meta para 2014", prosseguiu, acrescentando que o tema só será avaliado "com os técnicos e chefes de missão nas próximas 8.a e 9.a missões" de exame regular do programa de ajustamento português, que se iniciam em Lisboa na segunda-feira. E que prometem ser duras e prolongadas.

"Relação tranquila, cordial, boa"
Maria Luís Albuquerque classificou assim a sua relação com Paulo Portas, o ministro que se demitiu no dia 2 de Julho, dia da posse de Maria Luís como ministra das Finanças, por discordar da sua nomeação: “Perfeitamente tranquila, cordial, boa.”A ministra das Finanças disse também que teve oportunidade de garantir ao Eurogrupo, em Vilnius, quea crise política em Portugal “está completamente ultrapassada” e que ogoverno está “completamente determinado” a concluir o programa de ajustamento. 

E Maria Luís esclareceu também como funciona a hierarquia nas relações com a troika: “Parece-me que é razoavelmente visível que a relação é perfeitamente natural. Temos papéis absolutamente definidos nesta matéria, as competências do senhor vice-primeiro-ministro estão definidas na delegação de competências do primeiro--ministro, as competências da ministra das Finanças estão também definidas, e não há sobreposição.”

* As "traquinices" do vice, é uma das suas intrínsecas habilidades.

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