HOJE NO
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Maria Luís leva puxão de orelhas à
conta do défice de 4,5% de Portas
Presidente do Eurogrupo afirmou que é mau sinal Portugal andar a falar em flexibilização do défice na reunião da rentrée dos ministros das Finanças da União Europeia
"É
importante que Portugal se mantenha comprometido com os objectivos do
défice acordados com a troika. Uma discussão sobre novas metas não é um
bom sinal." Lituânia, 13 de Setembro. Primeira reunião depois de férias
do Eurogrupo na capital, Vilnius. As palavras são do holandês Jeroen
Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo. Um enorme puxão de orelhas a
Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, que ouviu o ralhete sem
ter culpas na matéria.
O ausente Paulo Portas, que não participa nestes
encontros, é o grande responsável, com as suas palavras de quarta-feira
no parlamento, em que admitiu que o défice em 2014 devia subir para de
4% para 4,5%, pela irritação na Comissão Europeia e no Eurogrupo. Novato
nas relações com a troika, Portas pode ter estragado a possibilidade de
Portugal conseguir na oitava e nona avaliação, que começa
segunda-feira, de aliviar o défice cerca de 825 milhões de euros, o
dobro do valor que o governo pretendia obter com a chamada TSU dos
reformados, a linha vermelha do vice-primeiro-ministro em relação aos
cortes nas pensões.
Mas Dijsselbloem disse mais: "O mundo exterior
deve perceber que Portugal e o governo português estão comprometidos
com o que tem de ser feito e com o que foi acordado, e isso ajudará à
saída do programa o mais depressa possível."
Olli Rehn irritado
Também
o comissário europeu dos Assuntos Económicos, questionado à entrada da
reunião do Eurogrupo sobre uma eventual flexibilização das metas do
défice para Portugal, considerou que o país deve cumprir aquilo que está
acordado com a troika. "Relativamente à consolidação orçamental, é
importante que o país mantenha os seus compromissos e metas."
Segundo
o comissário, "é muito importante assegurar que Portugal é bem sucedido
no seu ajustamento económico", e é por isso que a zona euro está "a
apoiar Portugal nas suas reformas para restaurar a competitividade, com
vista a um crescimento sustentável e à criação de emprego, aquilo de que
o povo português realmente necessita". Mas ao mesmo tempo, frisou, "é
importante manter o rumo de uma consolidação sustentável das finanças
públicas".
Maria Luís lamenta ruído
A ministra das Finanças, confrontada com tanta irritação, veio dizer no
fim da reunião que é "prematuro" tomar posição sobre uma potencial
revisão das metas do défice, também da parte da troika, pois não há
qualquer pedido formal do governo.
Maria Luís Albuquerque indicou
que esclareceu os parceiros da zona euro sobre um assunto em torno do
qual lamentou haver "um grande ruído", adiantando que, "durante a 7.a
avaliação tinha havido uma posição do governo português diferente da
posição da troika relativamente à meta mais adequada para o ano de
2014". "O que o governo português fez foi lembrar essa posição, sem que
no entanto tenha havido qualquer pedido formal neste momento da revisão
da meta para 2014", prosseguiu, acrescentando que o tema só será
avaliado "com os técnicos e chefes de missão nas próximas 8.a e 9.a
missões" de exame regular do programa de ajustamento português, que se
iniciam em Lisboa na segunda-feira. E que prometem ser duras e
prolongadas.
"Relação tranquila, cordial, boa"
Maria
Luís Albuquerque classificou assim a sua relação com Paulo Portas, o
ministro que se demitiu no dia 2 de Julho, dia da posse de Maria Luís
como ministra das Finanças, por discordar da sua nomeação:
“Perfeitamente tranquila, cordial, boa.”A ministra das Finanças disse
também que teve oportunidade de garantir ao Eurogrupo, em Vilnius, quea
crise política em Portugal “está completamente ultrapassada” e que
ogoverno está “completamente determinado” a concluir o programa de
ajustamento.
E Maria Luís esclareceu também como funciona a hierarquia
nas relações com a troika: “Parece-me que é razoavelmente visível que a
relação é perfeitamente natural. Temos papéis absolutamente definidos
nesta matéria, as competências do senhor vice-primeiro-ministro estão
definidas na delegação de competências do primeiro--ministro, as
competências da ministra das Finanças estão também definidas, e não há
sobreposição.”
* As "traquinices" do vice, é uma das suas intrínsecas habilidades.
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