HOJE NO
"i"
Estado gastou 8,6 milhões por dia
. em compras por ajuste directo
Mais do que tentar saber se o dinheiro dos contribuintes está a ser bem ou mal gasto, esta nova rubrica pretende dar uma ideia sobre as despesas que são efectuadas pelos vários serviços e organismos públicos no seu dia-a-dia.
Quanto custam os vários procedimentos de contratação, a comparação dos preços, quem paga e quem recebe serão alguns dos dados que a partir de hoje, e de forma regular, passarão a ser analisados e noticiados no “Mercado da República”
Os gastos
dos organismos públicos efectuados por ajuste directo atingiram os 26
milhões de euros em apenas três dias, o que dá uma média de 8,6 milhões
por dia. Entre os dias 24 e 26 de Agosto, foram publicados 701 contratos
para a aquisição dos mais variados produtos, equipamentos, empreitadas
de obras públicas e prestação de serviços por parte de organismos da
administração central directa e indirecta, autarquias e freguesias,
regiões autónomas, empresas públicas e municipais, entre outras
entidades com estatuto público como instituições particulares de
solidariedade social e fundações.
De acordo com a análise que o i fez aos procedimentos de contratação publicados no portal Base: contratos públicos on-line (http://www.base.gov.pt/base2/),
o mais elevado foi da responsabilidade da câmara de Setúbal, que pagou
1,6 milhões à Repsol para receber 1 575 000 litros de "gasóleo para
abastecimento da frota municipal, pelo período previsível de 24 meses."
Carlos
Alberto Cordeiro Serralha, um estofador contratado pelo Centro
Hospitalar de Lisboa Norte, foi o que recebeu o valor mais baixo (quatro
facturas de 25 euros) mas, em contrapartida, conseguiu ser o
"adjudicatário" que mais contratos fez com o Estado (11), ainda que "só"
tenha recebido 1 360 euros no total.
As autarquias foram, aliás,
as entidades que mais compras fizeram com um total de 223 contratos por
um valor global de 10,4 milhões. A seguir surgem os organismos tutelados
pelo Ministério da Saúde, sobretudo, os hospitais e centros
hospitalares, com 181 contratos celebrados por 3,7 milhões, a maioria
para comprar medicamentos e os mais diversos dispositivos médicos.
É
nesta área que se encontram os organismos com o maior número de ajustes
directos efectuados: os centros hospitalares Universitário de Coimbra e
de Lisboa Norte, ainda que neste último caso, o valor monetário não seja
muito expressivo.
Cadeirão de relax
A
unidade da região Centro celebrou 38 contratos por cerca de um milhão
de euros, sendo que quase metade foram para adquirir reagentes. Os
gastos variaram entre os 106,46 euros em "ortoteses para o tornozelo" e
os quase 300 mil euros pagos à Astrazeneca para adquirir o medicamento
"Propofol 20 mg/ml". Na lista de compras é de destacar ainda os quase
nove mil euros em "leites".
Já o Centro Hospitalar Lisboa Norte
publicou 26 contratos, dos quais 13 para estofar cadeiras e cadeirões,
um deles de "relax no serviço de neurocirurgia internamento".
Dos
375,5 mil euros gastos pela maior unidade hospitalar do país,
destacam--se os 123,7 mil euros na aquisição de "Factor VIII
recombinante 1000 UI (Octolog alfa)", os 22 mil na compra de "artigos de
higiene pessoais" e os 5850 euros na "empreitada para fornecimento e
montagem de porta automática no conselho de administração". Entre os
hospitais é de salientar ainda as três compras efectuadas pelo Centro
Hospitalar de Lisboa Ocidental, não tanto pelo seu custo, mas pelo
objecto: "reparação urgente da central de bombagem de água dos
depósitos"; a "substituição do troço de conduta de abastecimento de
águas" e o "alcatroamento da área da estrada junto às cozinhas". No seu
conjunto estes três contratos custaram 43 114,50 euros.
Em
terceiro lugar do ranking por sector de actividade aparecem instituições
da área da Defesa. Foram poucos em número (25) mas os montantes
envolvidos são dos mais elevados entre todos os que foram publicados no
portal.
As empresas públicas e municipais publicaram 59 contratos
com facturas de cerca de um milhão de euros e as regiões e empresas
regionais 20 no valor de 956,5 mil euros. Deste total, mais de metade
(11) foram da Atlânticoline, que pagou 541 mil euros em combustíveis à
Galp Açores e Bencom.
educação
A
fechar o ranking dos ajustes por sectores de actividade está a área da
Educação e o Ensino Superior com gastos de mais de um milhão de euros.
As universidades e politécnicos celebraram 31 contratos por um montante
global de 539 mil euros, enquanto que as escolas e agrupamentos
escolares assinaram 17 por 545,7 mil euros. O ajuste mais elevado é da
Universidade de Coimbra (UC). Esta instituição gastou 56 448 euros para
alojar as "entidades que colaboram nas diversas actividades" da
Universidade no Hotel Dona Inês. A UC pagou ainda 7800 euros na
aquisição de "serviços de apoio à imprensa".
Já as prioridades da
Universidade do Porto foram para "28 computadores, 10 monitores e 18
suportes para acoplação", que custaram 15,1 mil euros; uma "base de
dados OECD i-Library" por igual montante, e a aquisição de "serviços de
desinfestação" para a Faculdade de Engenharia, por 2247 euros.
Entre
as quatro fundações que publicaram contratos, o valor mais elevado (86
mil euros) foi pago pela Fundação D. Ana Paula Águas Vaz de Mascarenhas e
Garcia e Dr. Álvaro Augusto Garcia - Centro infantil de Figueira de
Castelo Rodrigo na "remodelação das instalações sanitárias". A Fundação
Luís de Molina, por seu lado, contratou a empresa ALS Czech Republic
S.R.O. por 14 950,58 euros para prestar serviços de "ensaios acreditados
em amostras de águas", a Fundação INATEL gastou quase seis mil euros na
"aquisição de serviços de transporte de passageiros" e a Cidade de
Guimarães, 550 euros na "captação de imagem e som da sessão de
apresentação do estudo de impactos de Guimarães 2012".
* O dinheiro lava mais branco.
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