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" DIÁRIO DE NOTÍCIAS
Bastonário acusa Governo de ocultar
. degradação da Justiça
O bastonário dos advogados, Marinho e Pinto, apresentou hoje um
"veemente protesto pelo descalabro legislativo", e acusou o Governo de
"querer apresentar 'flashs' demagógicos, ocultando a degradação da
Justiça", com uma reforma que "não ataca problemas".
Marinho e Pinto acentuou a
"confusão" na área da Justiça com a reforma legislativa, dando como
exemplo o Código de Processo Civil e o novo regime de Julgados de Paz,
em vigor desde 1 de setembro, e argumentou que "o objetivo é afastar os
cidadãos dos tribunais".
Em conferência de imprensa realizada no
Salão Nobre da Ordem dos Advogados (OA), o bastonário referiu que o
Governo quer "proclamar sucessos", em vez de "atacar os verdadeiros
problemas da Justiça".
"Em mais nenhuma área existe tanta
confusão como na área da Justiça", asseverou Marinho e Pinto, tecendo
critícas ao novo Código de Processo Civil.
O bastonário reiterou
que "é o velho Código de Processo Civil em que os artigos foram
renumerados" e que foi "mal reescrito", o que, concluiu, está
"completamente "aldrabado".
Considerando que o novo regime tem
"situações verdadeiramente preocupantes para a Justiça", Marinho e Pinto
refutou que "a ideia" do Governo é "agilizar os tribunais e acabar com
os atrasos na Justiça".
O responsável da OA criticou a arbitragem
obrigatória, com "o Estado a obrigar os cidadãos e as empresas a não ir
para os tribunais, mas sim para as arbitragens" em situações
preconizadas no novo código.
"É uma espécie de Justiça clandestina
(...) e é para ricos", disse, acrescentando que as arbitragens são "um
meio para legitimar as negociatas de contratos público-privados e
legitimar casos de corrupção".
Além de criticar o fim dos
tribunais coletivos e a redução do número de testemunhas, o bastonário
dos advogados revelou discordância quanto às "graves restrições ao
direito" no recurso para o Supremo Tribunal de Justiça, particularmente
nas ações em que o Tribunal da Relação tenha confirmado a decisão da
primeira instância.
Outros pontos que mereceram críticas severas
foram a avaliação dos juízes, o despesismo nas mediações, a gestão dos
tribunais por juízes e a obrigatoriedade de utilização dos meios
informáticos da Justiça.
Marinho e Pinto disse que o Citius, plataforma para gestão judicial de processos, esteve hoje "bloqueado mais de duas horas".
Também
a Lei de Organização do Sistema Judiciário, publicada recentemente em
Diário da República, foi criticada por Marinho e Pinto e por Elina
Fraga, vice-presidente da OA.
Enquanto Elina Fraga criticou a
redução "de 208 para 23 comarcas", Marinho e Pinto alertou para "a
consequência mais gravosa que é obrigar as populações a percorrer
dezenas e centenas de quilómetros".
"É escorraçar as pessoas dos
tribunais. Estão a onerar o recurso aos tribunais, a dificultar o
recurso à Justiça. Vai haver um custo enormíssimo das populações,
agravado pela situação económica do país", disse.
Por isso,
anunciou que a OA vai convocar uma reunião "até final do mês", com
presidentes de Câmara e de assembleias municipais, "para avaliar as
consequências desta lei".
O bastonário estranhou também que "nem
deputados da oposição, Presidente da República, provedor da Justiça e
procuradora-geral da República" tenham pedido a fiscalização da
constitucionalidade daquelas leis.
* Sem papas na língua
.
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