HOJE NO
" JORNAL DE NEGÓCIOS"
Silva Rodrigues atira "swaps" para
cima de Maria Luís Albuquerque
Antigo presidente da Carris garante que Governo actual - e anteriores - tinha todos os detalhes sobre derivados.
José Silva Rodrigues foi ao Parlamento apontar baterias contra Maria Luís Albuquerque.
Com críticas ao processo de negociação dos "swaps" das empresas públicas
e com farpas ao facto de a ministra não ter sido demitida, o antigo
presidente da Carris quis deixar bem claro que o Governo actual tinha
todos os pormenores sobre os derivados financeiros.
"Toda
a informação sobre estes ‘swaps’ foi, desde o primeiro momento,
totalmente clara e do conhecimento público, designadamente, do
accionista Estado, nunca tendo sido colocada à Carris qualquer questão,
levantada qualquer reserva ou feita qualquer recomendação ou comentário
para alterar a situação vigente", declarou o gestor na quarta-feira, na
comissão parlamentar de inquérito à celebração de contratos de cobertura
de risco por parte de empresas públicas.
Silva
Rodrigues quis mesmo sublinhar que, em todo o período em que esteve na
presidência da Carris (entre Fevereiro de 2003 e Junho de 2013), o
Estado sempre aprovou as contas "sem qualquer reserva e elogiando
recorrentemente a gestão da empresa". Nesse sentido, o antigo
responsável da transportadora lisboeta deu o exemplo do voto de
confiança no conselho de administração que foi dado pelo Estado na
assembleia geral de 24 de Março deste ano.
Além disso, Silva Rodrigues, que estava à frente da Carris e do
Metro de Lisboa, mencionou o facto de, em Abril, Sérgio Monteiro,
secretário de Estado dos Transportes, ter assumido publicamente que o
gestor viria a acumular estes cargos com a administração da Transtejo e
da Soflusa. Contudo, em 6 de Junho, foi publicada a resolução do
conselho de ministros que ditou a demissão de Silva Rodrigues
(juntamente com as de Paulo Magina e de Vale Teixeira), por ter
contratado "swaps" e, por isso, ter perdido a confiança do Governo.
Para
Silva Rodrigues, a mudança de posição do Governo deveu-se apenas a uma
decisão: a de "transformar os ‘swaps’ num processo político". Segundo
argumenta, os derivados financeiros que foram por si subscritos tiveram
como "único objectivo" o de proteger a empresa "do impacto de uma subida
muito acentuada que se vinha verificando nas taxas de juro", sem terem
qualquer estrutura especulativa.
Os "swaps" da empresa foram contratados entre Setembro de 2005 e
Junho de 2007. Dos quatro produtos financeiros na carteira de dívida da
Carris, dois foram considerados especulativos pelo relatório do IGCP.
Farpas à Refer
No
Parlamento, José Silva Rodrigues respondeu com ironia quando foi
questionado sobre qual a sua opinião acerca do facto de ter sido
destituído do cargo por ter subscrito "swaps", mas de isso não ter
acontecido com outras personalidades que também o fizeram, como Maria
Luís Albuquerque.
"Houve uma coisa que percebemos todos. A Refer só tomou boas
decisões", disse o antigo responsável da Carris, fazendo referência à
gestora de infra-estruturas ferroviárias, já que a actual ministra das
Finanças foi, aí, directora financeira entre 2001 e 2007.
* Zangam-se os compadres e as comadres e descobrem-se as p.... das verdades!
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