HOJE NO
"PÚBLICO"
Toxicodependentes e viciados em jogo
.vão integrar rede de referenciação
Toxicodependentes e pessoas viciadas em jogo vão passar a integrar
uma rede de referenciação de comportamentos aditivos, já aprovada pelo
Governo, em que centros de saúde, hospitais e unidades especializadas
trabalharão em conjunto para uma intervenção mais precoce.
A Rede de
Referenciação/Articulação no âmbito dos Comportamentos Aditivos e das
Dependências “está feita”, carecendo apenas de “algumas afinações”,
revelou o director do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos
e nas Dependências (SICAD).
João Goulão explicou que esta rede é
“uma reformulação” do documento aprovado em 2010, ainda na vigência do
antigo Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), para
referenciação das pessoas com problemas ligados ao álcool, que envolvia
os cuidados de saúde primários, unidades de toxicodependências,
alcoologia, saúde mental e serviços hospitalares. “Agora, com a passagem
das unidades do IDT para a dependência das Administrações Regionais de
Saúde (ARS) houve uma reformulação desse documento”, feita pelo SICAD e
as ARS.
O documento, já aprovado pelo secretário de Estado adjunto
e da Saúde, Fernando Leal da Costa, “estabelece os níveis de
intervenção dos cuidados de saúde primários, das unidades especializadas
e ultra especializadas e quais deverão ser os circuitos dos doentes em
cada região”, explicou. “O que se pretende é que a curto prazo haja
também a referenciação de pessoas com outro tipo de problemas como o
jogo patológico”, avançou. O documento servirá como “um manual de
referenciação perante uma determinada situação e diagnóstico e
estabelece a quem compete a responsabilidade de abordar as situações”,
explicou João Goulão.
Por outro lado, adiantou, pretende-se que os
médicos de família tenham um papel ainda mais relevante, apesar de já
serem “os principais identificadores” das situações. “O que pretendemos é
que sejam dotados de mais conhecimentos nesta área, através de formação
específica, e que sejam capazes de constituir verdadeiramente a
primeira linha não só encaminhamento mas também na abordagem da
terapêutica destas situações de adição”, sustentou.
Para José
Rocha Almeida, da Associação Portuguesa de Adictologia, esta rede irá
“melhorar o nível de intervenção” juntos destes doentes. “Durante muitos
anos este problema esteve praticamente confinado aos serviços de
tratamento do IDT” e os “médicos de família não entravam muito nestes
tratamentos, porque havia serviços próprios”, disse o psiquiatra. Neste
momento, sublinhou José Rocha Almeida, “com a integração os serviços nas
ARS, é altura dos cuidados primários e as áreas hospitalares
trabalharem em rede para melhor detectar, intervir e referenciar estes
utentes”.
Para o psiquiatra, a rede vai permitir que o médico de
família possa “detectar estas situações, intervir imediatamente e ao
mesmo tempo sentir que pode contar com o apoio de estruturas
especializadas e dos hospitais, caso seja necessário internamento”. Uma
intervenção mais precoce possibilitará “um grande avanço no sentido de
prevenir comportamentos de risco mais avançados que possam surgir à
medida que os consumos se vão intensificando. Já a intervenção do médico
de família poderá permitir um corte neste tipo de dependência e evitar
comportamentos de risco que se podem agravar no futuro, acrescentou.
* Vale mais tarde do que nunca.
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