HOJE NO
"i"
Gestores responsáveis pelas
Swaps recusam demitir-se
A
notícia caiu como uma bomba na sexta- -feira. O governo ia demitir os
gestores de seis empresas públicas com contratos swap considerados
especulativos, isto é, tóxicos, mas a bomba rapidamente se revelou um
tiro de pólvora seca. Por duas razões. Os gestores não aceitaram o
convite para se demitir e o governo não tem poder para os afastar sem
justa causa. E como do ponto de vista legal está longe de se saber quem é
o responsável por actos de gestão negligentes, a batata quente está nas
mãos do governo. Isto no dia em que a comissão de inquérito parlamentar
arrancou, com o PS a excluir os ministros da primeira ronda de
audiências.
São seis as empresas públicas envolvidas neste
processo - Metro de Lisboa, Metro do Porto, Carris, STCP, CP e EGREP. Os
gestores da Transtejo foram poupados porque os seus contratos swap não
foram considerados tóxicos. As perdas potenciais do Metro de Lisboa
foram calculadas em 1131,4 milhões, as do Metro do Porto em 832,6
milhões, as da EGREP em 174,5 milhões, as da CP em 140,6 milhões, as da
Carris em 116,5 milhões e as dos STCP em 107,2 milhões.
Empréstimos reforçados
A notícia da razia nas seis empresas públicas foi avançada a meio da
tarde de sexta-feira pela TSF e pelo "Expresso", no mesmo dia em que o
executivo entregou no parlamento o Orçamento Rectificativo, em que se
prevê o reforço dos empréstimos e as dotações de capital às empresas
públicas que contam para o défice para permitir a liquidação dos
contratos de swap subscritos nos últimos anos.
Estado empresta mais
O
relatório do Rectificativo prevê um reforço da dotação orçamental de
activos financeiros por causa de "despesas excepcionais" que vão incluir
um "reforço das dotações de capital e/ou empréstimos às empresas
públicas reclassificadas" (que entram no perímetro das contas públicas)
para "assegurar a liquidação antecipada das operações de derivados
financeiros".
O documento não refere quais os valores a emprestar
ou a atribuir a estas entidades, explicando apenas que serão "num
montante equivalente ao necessário" para denunciar os contratos swap que
celebraram.
No entanto, na proposta de lei entregue no
parlamento, o governo inscreve uma alteração aos limites dos empréstimos
a conceder pelo Estado em 2013: em vez dos 9600 milhões de euros
previstos anteriormente passaram a constar 10 040 milhões de euros. O
diploma diz ainda que "as empresas públicas não financeiras devem manter
as suas disponibilidades e aplicações financeiras junto do IGCP", como
está previsto desde o ano passado.
* Estes gestores estão a cuspir na mão que lhes mata a fome à espera duma valente indeminização, um governo fraco cede, é o que acontece.
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